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sexta-feira, 28 de março de 2014

MUITA CHUVA NA AMAZÔNIA

Imagem das 15h de 27.03.2014, mostra muitas instabilidades sobre a Amazônia.

27/03/2014 15h15 - Atualizado em 27/03/2014 15h15

Chuva em Manaus ultrapassa média prevista para mês de março, diz Sipam

Mês ultrapassou a 'faixa de chuvoso' atingindo faixa de 'muito chuvoso'.
Nesta quinta (27), sete ocorrências foram registradas pela Defesa Civil.

Do G1 AM

Avenida Buriti, na Zona Leste de Manau (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Avenida Buriti ficou alagada com última chuva
(Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Dados do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) apontam que o índice de chuvas registrado em março ultrapassou o esperado para todo o mês. Até a manhã desta quinta-feira (27), o volume de precipitações chegou a 413 mm. A média prevista era entre 240 a 300 mm. A previsão do Sipam é de mais chuvas para os próximos dias.

Segundo o órgão, o mês já ultrapassou a "faixa de chuvoso" que varia entre 300 mm a 370 mm, atingindo a faixa de "muito chuvoso" que é acima de 370 mm.

A chuva desta manhã quinta-feira (27) acumulou 26 mm, com temperatura de 22°C, já registrada neste período chuvoso. Houve rajadas de ventos de 46 km/h, por volta de 08h, na estação do Aeroporto Eduardo Gomes. Para os próximos dias, segundo o Sipam, os termômetros devem registrar a mínima entre 23°C e 24 °C e a máxima entre 30 °C e 31°C.
Transtornos
Ao todo, sete ocorrências foram registradas pela Defesa Civil de Manaus durante a chuva desta quinta. Entre elas, um deslizamento de barranco na rua João Walter, na Compensa 1, Zona Oeste, onde oito casas, segundo os moradores, estão com risco de desabamento. Duas equipes da Defesa Civil estão na área fazendo a vistoria dos imóveis e o levantamento do local.

Também foram registrados dois alagamentos: um na Compensa e outro na Comunidade São Lucas. Técnicos da Defesa Civil também foram informados sobre uma rachadura na parede de uma casa no bairro do Coroado, zona Leste, além de dois riscos de deslizamentos de barrancos na Colônia Antônio Aleixo e Loteamento Fazendinha. Houve também um chamado para um risco de desabamento de casa na Praça 14 de Janeiro.

quinta-feira, 27 de março de 2014

CICLONE EXTRATROPICAL NA ITÁLIA

Imagem do dia 27.03.2014 mostra um ciclone extratropical ao sul da Itália.

 

Il ciclone sull’Italia provoca una gigantesca tempesta di sabbia nel nord Africa [VIDEO]

giovedì 27 marzo 2014, 11:35 di


Il profondo e violento ciclone che da ieri sta colpendo l’Italia (vedi immagini satellitari), ha provocato nelle scorse ore una gigantesca tempesta di sabbia nel deserto del Sahara, in un’area molto estesa tra Algeria e Libia. Nel video che proponiamo a corredo dell’articolo, con le immagini riprese dal satellite MSG3 tra le 13:00 di ieri e le 08:00 di stamattina, possiamo notare proprio il flusso d’aria fredda spinto dal ciclone posizionato nel Mediterraneo proprio verso il nord Africa, dove s’è originata la tempesta di sabbia che ha attraversato praticamente tutto il deserto del Sahara!

NEVE NA PRIMAVERA DO CANADÁ

Imagem do dia 27.03.2014 mostra a passagem de um ciclone extratropical no leste do Canadá, que causou a grande quantidade de neve.

JNPORTUGAL

Tempestade de neve atinge costa atlântica do Canadá e paralisa serviços

Publicado ontem

27.03.2014 
 
Uma tempestade está a paralisar toda a costa atlântica do Canadá, de Halifax a Moncton, com intensa queda de neve e rajadas de vento que já atingiram os 165 quilómetros por hora.
 
foto Darren Pittman / reuters
Tempestade de neve atinge costa atlântica do Canadá e paralisa serviços
Tempestade de neve paralisou serviços
 
A queda de neve assolou Halifax e tem-se feito sentir com mais intensidade ao longo do dia, tendo atingido os 40 centímetros na província da Nova Escócia.
Por precaução, os principais aeroportos da região anularam os voos e os portos de Halifax, Moncton e Charlottetown encontram-se fechados.
Os serviços administrativos e os estabelecimentos de ensino estão encerrados e em Halifax os transportes públicos estão condicionados devido ao mau tempo.
Por causa da queda de neve registraram-se também problemas com a rede elétrica na Nova Escócia e a sul de Brunswick.
Os meteorologistas alertaram, entretanto, para a forte agitação marítima, que pode provocar inundações nas próximas horas, sobretudo na costa da região de Brunswick.

BRASIL NÃO AVANÇA NAS PREVISÕES

JORNAL ZERO HORA   23/03/2014 | 07h02

Uma década depois do furacão Catarina, Brasil pouco avançou na previsão de fenômenos naturais extremos

Para quem teve a casa e os negócios arruinados, fica a dúvida: pode acontecer de novo?


Uma década depois do furacão Catarina, Brasil pouco avançou na previsão de fenômenos naturais extremos Mauro Vieira/Felix Zucco/Agencia RBS
Nas fotografias de Torres, a destruição de 2004 e a situação atual Foto: Mauro Vieira/Felix Zucco / Agencia RBS
Mal detectado por instrumentos, subestimado por meteorologistas, o furacão Catarina atingiu 200 quilômetros de área entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na madrugada de 28 de março de 2004. Casas foram ao chão, quatro pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. Ainda hoje, o Catarina inspira estudos e suposições. Nesses 10 anos, surgiram pelo menos três evidências sobre o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul. Primeiro, a explicação para a transformação de um ciclone extratropical em furacão está no fundo do oceano. Segundo, indícios apontam que o Catarina teria sido um furacão de categoria 2, e não 1, como se calculava. Por fim, os sistemas meteorológicos brasileiros pouco avançaram — e há dúvidas se, hoje, poderiam prever, de forma mais ágil e precisa, uma tempestade semelhante.
É nessa possibilidade de repetição do passado que reside o maior receio: o de que algum dia ou alguma noite as condições propícias possam voltar a se conjugar, e um furacão renascerá do mar com seu olho gigantesco mirando a costa brasileira. Para o PhD em física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Marcio Luiz Vianna, o Catarina foi uma raridade.
Uma conjugação de fatores possibilitou que o fenômeno invertesse a lógica de se dissipar no mar. O que não quer dizer que não possa se repetir. Uma coisa é certa: a região atingida é propícia aos exageros climáticos, que podem estar se exacerbando por causa do aquecimento global. Nos cinco primeiros anos após o furacão, toda vez que um temporal se aproximava da região, a imprensa buscava comparação com o fenômeno. A frase "mas não vai ser como o Catarina", dita por meteorologistas para acalmar a todos, multiplicou-se em jornais, revistas, rádios e TVs até a história arrefecer nos anos seguintes. Na vida dos moradores das cidades afetadas, o furacão mantém o trauma. E possivelmente ainda será assim por muitos anos.
No Brasil, havia pouca informação
Uma provocação botou o físico aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Marcio Luiz Vianna no caminho do furacão Catarina. Hoje com 73 anos, o cientista já havia realizado algumas proezas. O PhD em física pelo MIT, em 1975, foi uma delas. Também realizou pesquisas com foco nos oceanos. Derivando para os feitos da vida pessoal, gosta de contar que participou da "festa de arromba" da chegada da Apollo 13 à Terra, em 1970.
Portanto, a situação de Vianna era bem confortável quando a sua parceira na empresa e ex-aluna de mestrado Viviane Menezes o provocou a estudar o Catarina. A forma como ocorrera a transformação do ciclone em furacão e a mudança do seu trajeto eram as incógnitas. Vianna e Viviane acreditavam que poderiam desvendar o segredo com base em suas experiências na análise de dados observacionais de qualquer natureza.
A dupla estava confiante de que os aspectos oceanográficos teriam influenciado na trajetória do Catarina. Havia pouca informação no Brasil, mas satélites e argo floats (espécie de boias submarinas que ficam uns 10 dias a 2 mil metros de profundidade e sobem para transmitir seus dados por satélite) ligados a um projeto internacional tinham registros em abundância.
Os pesquisadores desvendaram a causa do comportamento anômalo do Catarina. Descobriram a existência das chamadas "panelas de água relativamente quente" (denominadas de vórtices de núcleo quente), a centenas de quilômetros da costa. As panelas permitiram que o Catarina mudasse o trajeto que seguia, em sua inicial direção para Leste (África), voltando no rumo da costa brasileira. No caminho, foi se abastecendo de água quente das panelas até se transformar em furacão.
— Nosso trabalho explicou bem o que houve — afirma Vianna.
Desvendar o Catarina foi intrigante, conta:
— Para o pesquisador, fazer ciência é um prazer.
Falando em diversão, e a festa da Apollo 13? Foi quase um Woodstock, com o pessoal da ciência, relembra. Durou dois dias:
— Anos 70, né?
Pouco avanço na prevenção
Na última segunda-feira, um alerta estampou o site da Epagri/Ciram, órgão oficial de previsão do tempo em Santa Catarina. Postado às 15h40min, o comunicado anunciava que, em até quatro horas, o tempo viraria no Estado, e um temporal com chuva, descarga elétrica, granizo e ventos de até 100 km/h atingiria municípios de cinco regiões. Às 18h30min, uma hora antes do previsto, o tempo fechou.
Há um ano, previsões assim — com hora e prazos exatos — viraram rotina. A divulgação das informações, direto para os catarinenses, não era costume dos meteorologistas até pouco tempo atrás. De resto, a região ainda pena para avançar.
Os primeiros passos de um avanço na área só começaram a ser percebidos em 2008, quando novas estações meteorológicas foram adquiridas. Há um ano foi instalada a primeira — e única — boia oceanográfica em águas catarinenses, que ainda não é monitorada por instituições de pesquisa locais. Só em julho um radar de dupla polarização e alta tecnologia conseguirá dar a assistência para prever desastres naturais. Com ele, 77% do território catarinense estará protegido.
— Estamos hoje num processo de reordenamento total no que se refere à previsão do tempo. Antes só íamos lá contabilizar o prejuízo, hoje vamos formar uma cultura de autoproteção — diz o secretário da Defesa Civil, Milton Hobus.
Para o meteorologista Leandro Puchalski, do Grupo RBS, pouco ou quase nada foi feito em relação à previsão e prevenção.
— O radar é um ganho, mas não é solução. Se for um furacão muito forte, o raio de monitoramento só vai ter informações quando estiver quase chegando à costa. Não haverá tempo para evacuar uma cidade, por exemplo.
A pós-doutora Magaly Mendonça, coordenadora do Laboratório de Climatologia Aplicada e do Grupo de Estudos de Desastres Naturais da UFSC, acredita que o Catarina representou um marco no sentido de reconhecer o quanto a população está exposta a desastres climáticos. Para ela, caso ocorresse um novo furacão, o Estado estaria despreparado para enfrentá-lo, sem um plano para ser executado.
Em Torres, cidade gaúcha mais atingida pelo Catarina, o susto de 2004 não repercutiu em reforço. Desde o Catarina, o efetivo dos bombeiros no município diminuiu de 25 para 20 militares, enquanto a população cresceu.
Força do vento é reavaliada
Como se fosse formada por caçadores de tornados de filmes americanos, nos dias 27 e 28 de março de 2004, uma equipe de cinco cientistas esteve em diversos locais atingidos pelo Catarina. Integrantes do Grupo de Estudos de Desastres Naturais (GEDN), do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), formaram uma parceria com a Defesa Civil catarinense e realizaram estudos in loco para identificar a intensidade do fenômeno. Como não havia equipamentos confiáveis de medição da velocidade do vento, coletaram dados de outras maneiras, em campo (fotografias, entrevistas e mensurações) e nos relatórios de Avaliação de Danos (Avadan) enviados à Defesa Civil. Também foram distribuídos 161 questionários em Passo de Torres, Balneário Gaivota, Arroio do Silva, Araranguá, São João do Sul, Sombrio e outros nove municípios. Antes do resultado, os cientistas tinham certeza de que a força do Catarina era inédita no país.
— Fomos a única equipe do mundo que esteve no olho do furacão — diz o professor Masato Kobiyama, que foi integrante do grupo e hoje leciona a disciplina de Gerenciamento de Desastres Naturais na UFRGS.
Dos estudos nasceu o artigo "Impacto do furacão Catarina sobre a região sul catarinense: monitoramento e avaliação pós-desastre". Os dados apontaram que o Catarina chegou perto de 180 km/h, alcançando o nível 2 na escala Saffir-Simpson, que mede a velocidade do vento dos furacões. A conclusão não foi uma unanimidade no meio científico. Até hoje, boa parte dos meteorologistas considera que o nível foi 1, com velocidade máxima de 153 km/h. Há ainda quem não admita sequer a classificação de furacão, mantendo a concepção de ciclone.
O debate sobre o Catarina se prolongou, gerou artigos científicos, congressos e, na prática, nenhuma medida para minimizar os efeitos de um novo furacão para a população que vive em lugares de risco, lamenta o geógrafo Emerson Vieira Marcelino, um dos autores do estudo. Decepcionado, desde 2008 é pastor evangélico em Florianópolis. Diz que, assim, chega mais perto do povo. Na comunidade, conseguiu implantar procedimentos para o caso de desastre ambiental.
O IDEAL PARA PREVER UM FURACÃO

— Boias oceanográficas
— Radares meteorológicos
— Aviões meteorológicos para sobrevoar o olho do furacão e, por meio de monitoramento local, determinar pressão, velocidade e deslocamento do sistema
— Modelos numéricos de previsão de trajetória específicos para o Brasil
PARA QUE SERVE A BOIA

— É instalada em alto-mar para captar variáveis atmosféricas (como precipitação, umidade, vento e radiação) e oceânicas (como salinidade, temperatura e pressão) que impactem nas condições climáticas do país
— É formada por diversos sensores
— Na torre superior, acima da água, há pluviômetros (para medir a quantidade de chuva), anemômetros (para indicar a direção e a velocidade do vento), espectrorradiômetros (para checar a radiação solar), termômetros, GPS e medidores da concentração de gás carbônico e da umidade relativa do ar.
— Na parte submersa, há um cabo de 4 mil metros de comprimento fixado ao fundo do mar. Ao longo dos primeiros 500 metros do cabo, a partir da superfície, há sensores como fluorômetros (que medem a concentração de flúor), espectrorradiômetros e termômetros.

Foto: Félix Zucco
Os anjos da noite
As súplicas que compuseram a sinfonia de 28 de março de 2004 em Torres se enraizaram na mente do bombeiro da reserva Sidnei Scheffer de Matos, 48 anos. Sempre que tem temporal, lembra a cena de uma mulher sobre um colchão, disputando espaço com a tesoura do teto, que caíra sobre a cama nas proximidades da Guarita.

Na escuridão, no meio do entulho, Matos foi puxando a mulher. Adiante, onde ficou menos complicado caminhar, decidiu tomá-la nos braços. Então, um destroço caiu sobre suas costas. A casa se desmanchava. Cansado, ele cruzou pelos restos do imóvel e alcançou o caminhão dos bombeiros. Deitada sobre um banco, a vítima foi levada ao QG. Lá chegando, levantou e correu. Os olhos de Matos ficam vermelhos e molhados ao contar a história. O bombeiro nunca recebeu tratamento psicológico. Também não foi promovido por bravura. A promoção veio da comunidade, que nomeou os que trabalharam nos resgates são chamados de Anjos da Noite.

Foto: Félix Zucco
Casas mais fortes

Fecham-se os olhos de Valdir da Silva Fermiano, 55 anos, descendente de açorianos cujas vidas se integravam ao mar com harmonia. Proprietário de um restaurante-pousada na beira-mar de Balneário Gaivota (SC), Fermiano parece cansado da batalha que perdeu há 10 anos. Frente à ira do Catarina, tentou segurar vidros e paredes do seu estabelecimento. Tudo ruiu ao seu redor. A reconstrução levou meses. 

— A gente ficou tudo meio atordoado — suspira.

O município catarinense ainda tem vestígios da passagem do Catarina. A sede dos pescadores estava parcialmente construída, na época. Depois do furacão, nunca mais a obra foi retomada (foto acima). A tempestade mudou os costumes na construção civil de Gaivota. Mais de 80% das novas construções contam com uma laje entre o telhado e o interior das residências, estima o chefe de gabinete da prefeitura, Luiz Carlos da Silva.

Foto: Félix Zucco
Meses de internação
— Era como se eu não existisse — lembra a pescadora Maria Martins, 52 anos, sobre o furacão Catarina.

Ela estava sozinha em casa em Balneário Gaivota. Quando o telhado e o forro começaram a ser levados pela ventania, correu em direção ao banheiro. No caminho, uma telha caiu sobre o seu braço direito, quebrando-o. Maria passou horas no banheiro e viu sua casa ser despedaçada em volta. Não bastasse a devastação, logo depois a residência foi saqueada. Uma semana antes, tinha sofrido com a morte de uma filha adotiva de seis anos em um acidente de carro. A pescadora se internou em uma clínica em Ana Rech, Caxias do Sul, onde trabalhava o marido, Estevan Martins, 65 anos. Não o reconhecia. Nem aos filhos. Somente depois de seis meses é que pode deixar a clínica e voltar a Balneário Gaivota. Nunca reconstruiu o forro da casa.

— Perdi o amor pela casa — diz.

Em dia de vento forte e chuva, ela toma calmantes.

Foto: Félix Zucco
Sem indenização

Uma década depois do Catarina, o bairro das Ilhas, em Araranguá (SC), ainda não se recuperou. As ruínas da oficina de Hamilton Vieira Valério, 56 anos, tornaram-se o símbolo dos efeitos do furacão na região. Descobriu os estragos no dia seguinte, após ter passado uma noite e madrugada terríveis segurando a porta de casa com uma mesa na tentativa de conter o vento. Sem dinheiro para reformar a oficina, Valério foi deixando para depois. O mato tomou conta do espaço, que virou um depósito de entulhos. Como o local não servia de moradia, ele não obteve uma indenização do governo. Nem as telhas conseguiu.

— A única coisa que o Estado deu foi telha. Mas, quando fui buscar, não tinha mais. Tem gente que levou telhas de caminhão, antes de mim — recorda.

Além da oficina, Valério perdeu um Passat, uma canoa, um trailer e equipamentos de solda, tudo esmagado por destroços.

Foto: Félix Zucco
Da ruína à superação

Na feição séria do agricultor Valentim Zanoni, 52 anos, estampa-se a recordação nada bem-vinda. Naquela noite, o susto foi compartilhado pela mulher e pelos três filhos na roça, na Barra da Sanga, Forquilhinha (SC). As crianças foram para debaixo da mesa. Os pais se apavoravam com o aguaceiro que invadia a residência. Os equipamentos de plantio voavam no galpão. No final, o milharal de seis hectares estava perdido.

— Nunca vi o milho ficar deitadinho, assim — lembra.

Zanoni não esmoreceu. Baixou a cabeça, replantou o milho, que agora viceja a caminho da colheita. Hoje, a vida está melhor. Fala com orgulho do carro e da casa novos. Restou a ponta de insegurança quando um relâmpago aparece no horizonte:

— Tenho medo. Dá essas trovoadinhas, e a gente acha que não vai dar nada. Mas eu vou para dentro de casa.
 
Foto: Félix Zucco

Marcado pelo SPC

Perder a casa em Passo de Torres (SC) não foi o único incômodo para o ex-pescador João Carlos Kejellim e sua família. Aos 45 anos, ele diz estar irremediavelmente marcado pelo SPC, o Serviço de Proteção ao Crédito. Não pode comprar carro, financiar imóvel, nada. Tudo por causa do Catarina. Nada sobrara da residência além de uma mesa, a geladeira e o fogão.

— A prefeitura construiu uma casa nova, mas resolveu nos cobrar R$ 55 por mês. Não conseguia nem comprar comida para os filhos, como ia pagar isso?

A família ficou dois anos no imóvel emprestado, em situação precária. Adquiriu uma padaria e a vida melhorou um tanto. O nome do ex-pescador, porém, continua no SPC. Ele investe na amizade com um ex-vereador para tentar limpar a ficha.
 
Foto: Félix Zucco

Exemplo de resiliência

Em fevereiro deste ano, um ciclone de amplitude bem menor do que o Catarina atingiu a região mais frágil de Torres, nas cercanias do Parque da Guarita. Passou mais concentrado do que o Catarina, sem abranger grandes áreas. Bem no meio do caminho do aguaceiro e da ventania estava a pousada de Maria Selena Assmann, 53 anos. Ela costuma dizer que está há 15 anos em Torres sem que o vento consiga "correr com a gente".

— Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come — brinca.

Finca pé e reconstrói o que foi perdido. Como a pousada, completamente destelhada pelo ciclone, resultando em perdas financeiras gigantes para Maria Selena, como o cancelamento das reservas para o Carnaval. Telhas doadas pela prefeitura ajudaram a recompor um pouco a construção. Só que ainda falta muito para arrumar, e a obra deve levar o ano todo na Rua Santa Luzia, calcula Maria Selena.

quarta-feira, 26 de março de 2014

DEZ ANOS DO ÚNICO FURACÃO BRASILEIRO

24/03/2014 08h07 - Atualizado em 24/03/2014 08h07

Dez anos após o furacão Catarina, moradores relembram a tragédia

Em Passo de Torres, o telhado arrancado de fábrica continua destruído.
Fenômeno deixou 27,5 mil desalojados e 11 mortos em março de 2004.

Do G1 SC

A passagem do primeiro furacão que atingiu a costa do Atlântico Sul completa 10 anos nesta semana. Uma década mais tarde, ainda é possível perceber os efeitos do fenômeno em paisagens, imóveis e na vida de moradores da região Sul de Santa Catarina, conforme mostrou reportagem do Estúdio Santa Catarina deste domingo (23).
Em 28 de março de 2004, o furacão Catarina deixou mais de 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Os prejuízos totalizaram aproximadamente R$ 1 bilhão e 14 municípios decretaram estado de calamidade pública. A força do vento arrancou 115 árvores pela raiz.
Em Passo de Torres, o telhado de uma fábrica de imóveis foi arrancado por ventos de 180 quilômetros por hora e, ainda em 2014, o local continuava destruído. Já em outras cidades, o cenário é outro. Onde há dez anos árvores cobriam estradas, agora o caminho está livre. Telhados levados pela força dos ventos foram recuperados.
casa ficou virada com o teto para baixo (Foto: Reprodução/RBS TV)Casa ficou virada com o teto para baixo
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Casa virada, árvores arrancadas
Entre os destroços, famílias ficaram perplexas com o tamanho da destruição. Uma casa ficou irreconhecível, virada com o teto para baixo. "Levantou 2 metros de altura, derrubou os postes e caiu no meio da rua. Tinha um mês de uso e a casa já estava virada. Mas conseguimos fazer novo e 10 anos depois ainda está de pé", conta o policial Eduardo Pinheiro.
Em Balneário Gaivota, árvores foram arrancadas pela raiz e atingiram residências. O município de pouco mais de 5 mil habitantes foi 70% destruído pelo vento. "Eu perdi a casa, fiquei só com o terreno. Fiquei dois anos na colônia, mas com o passar do tempo consegui recuperar tudo. Na época foi muito triste", conta o pescador Vinícius Schefer.
Árvores foram arrancadas e caíram em cima de casas (Foto: Reprodução/RBS TV)Árvores foram arrancadas e caíram em cima de
casas (Foto: Reprodução/RBS TV)
Avistado dias antes
Dias antes de atingir a costa catarinense, o furacão foi avistado por meio dos modelos de meteorologia no dia 23 de março 2004. Os trabalhos de proteção aos atingidos começaram quando a Defesa Civil estadual foi comunicada sobre a formação do fenômeno.
"Foi quando a gente entrou em contato com uma organização americana, que passou algumas orientações e nós na ânsia de querer saber mais, eles disseram 'os olhos do mundo estão voltados para vocês. Naquele momento foi pavor, porque a gente calculou que 400 mil pessoas estavam dentro da área e a responsabilidade era muito grande", lembra emocionado Márcio Alves, ex-diretor da Defesa Civil Estadual.



Furacão Catarina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Furacão Catarina
Categoria 2  (EFSS)
Cyclone Catarina 2004.jpg
Furacão Catarina, em 24 de Março de 2004.
Formação: 24 de Março de 2004
Dissipação: 28 de Março de 2004
Vento mais forte (1 min): 95 nós (176 km/h, 109 mph)
Pressão mais baixa: Dados não disponíveis
Danos: 350 milhões U$
Fatalidades: 3-10 de forma direta
Áreas afetadas: Santa Catarina e Rio Grande do Sul
 Brasil
Furacão Catarina é um dos vários nomes informais para um ciclone tropical do Atlântico Sul que atingiu a região sul do Brasil no final de março de 2004. A tempestade se desenvolveu a partir de um ciclone extratropical de núcleo-frio praticamente estacionário em 12 de março. Quase uma semana depois, no dia 19 de março, a perturbação remanescente seguiu para leste-sudeste, mas em 22 de março, a formação de uma crista de alta pressão deixou o sistema novamente quase estacionário. A perturbação estava numa região com excelentes condições meteorológicas, com baixo cisalhamento do vento e com a temperatura da superfície do mar acima da média. A combinação dos dois levou a uma lenta transição do sistema de um ciclone extratropical para um ciclone subtropical em 24 de março. A tempestade continuou a obter características tropicais e se tornou uma tempestade tropical no dia seguinte, enquanto os ventos se intensificavam gradativamente. A tempestade atingiu ventos máximos sustentados de até 180 km/h, definido como de categoria 2 na escala de furacões de Saffir-Simpson, em 26 de março. Neste dia o ciclone ganhou informalmente o nome "Catarina" e também foi o primeiro ciclone tropical a ser registrado oficialmente no Atlântico Sul. As condições excepcionalmente favoráveis, extremamente incomuns no Atlântico Sul, persistiram e continuaram, e Catarina continuou a se intensificar, atingido o seu pico de intensidade com ventos de até 180 km/h em 28 de março. O centro da tempestade atingiu a costa mais tarde naquele dia, na altura entre as cidades de Passo de Torres e Balneário Gaivota, Santa Catarina. O Catarina se enfraqueceu rapidamente sobre terra firme e dissipou-se no dia seguinte.
Pelo Catarina ter se formado numa região que nunca, (de acordo com registros confiáveis) tinha registrado a presença de ciclones tropicais antes, os danos foram muito severos. Apesar de ser um evento meteorológico sem precedentes, as autoridades brasileiras tomaram as devidas ações e alertaram a população para a chegada da tempestade. A população acatou os alertas e avisos e deixaram suas residências ou decidiram enfrentar a tempestade seguros em suas casas. O Catarina destruiu cerca de 1.500 residências e danificou outras 40.000. Os prejuízos econômicos foram grandes, especialmente na agricultura de banana, onde 85% da produção foram perdidos, e de arroz, onde 40% das plantações foram perdidos. Apesar da inexistência de uma estrutura de alertas e avisos de ciclones tropicais, apenas três pessoas morreram e outras 75 ficaram feridas devido aos efeitos de Catarina no Brasil, número considerado bastante baixo em comparação a outros países afetados por ciclones tropicais. O prejuízos econômicos causados pelo Catarina chegaram a 350 milhões de dólares.

História meteorológica


Caminho da tempestade.
Uma perturbação formou-se ao longo do dia 19 de março de 2004, na costa do sul do Brasil, e deslocou-se a leste-sudeste, até o dia 22 de março, quando uma crista ao seu sudeste manteve estacionário. Com ventos excepcionalmente favoráveis incomum no nível superior e médio acima, as águas do litoral estavam ligeiramente quentes, a temperatura da água estava entre 24-26 °C, ele desenvolveu gradualmente, assemelhando-se uma Tempestade Subtropical durante o dia 24 de março. Localizado a 1.010 km a leste-sudeste de Florianópolis, ele dirigia-se lentamente para o oeste, e apareceu para se tornar uma tempestade tropical em 25 de Março.
Uma tempestade compacta, continuou dirigindo-se para o oeste, enquanto progressivamente se intensificava. A estrutura da tempestade continuou a melhorar e, devido a uma determinada característica do olho mostrando em satélites, a tempestade estava decidido a atingir a força equivalente a furacão em 26 de março. Um jornal brasileiro indicava um furacão ameaçando Santa Catarina. " Em parte devido a este título, a tempestade foi oficialmente nomeada de Catarina." Ela continuou a encontrar condições favoráveis, tendo atingido ventos de até 180 km / h durante a manhã do dia 27, o que tornou a tempestade o equivalente a um furacão de categoria 2 na escala Saffir-Simpson.
O Furacão atingiu o litoral sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul com ventos de até 180 km/h durante a noite. O Catarina se dissipou rapidamente sobre a terra, nas condições normais de um ciclone tropical

Previsão

No ano de 2002, os climatologistas que trabalham com o supercomputador japonês chamado Earth Simulator, constataram que o aumento do aquecimento global, devido ao aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, provocaria o aparecimento de furacões no Atlântico Sul.

Preparativos


Furacão Catarina visto da EEI em 26 de março de 2004.
Em 27 e 28 de março de 2004 a população ao sul do Estado de Santa Catarina e a população ao nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, ambos no Brasil, foram alertadas para o fato de que se aproximava um ciclone. O que ninguém imaginava é que este seria o primeiro furacão historicamente registrado no Atlântico Sul. Apesar da incerteza no futuro da tempestade, as autoridades brasileiras tomaram as medidas adequadas para garantir a segurança dos moradores que viviam no litoral. A evacuação foi executada com êxito para os numerosos residentes ao longo da costa, embora algumas pessoas decidiram enfrentar a tempestade em suas próprias casas.

Rara Formação

Em virtude de seu caráter inédito e da complexidade na sua formação, houve muita polêmica quanto à classificação. Posteriormente, durante o Workshop sobre o Fenômeno Catarina realizado nos dias 28 e 29 de junho de 2005 no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os cientistas chegaram a um consenso, classificando o Catarina como um furacão na sua fase final, com rajadas de ventos de até 180 km/h.1
Pesquisadores do Grupo de Estudo de Desastres Naturais (GEDN) da Universidade Federal de Santa Catarina que realizaram observações "in loco" em Bal. Arroio do Silva (SC) durante a passagem do furacão, também verificaram que as características do Catarina eram típicas de um furacão. Por exemplo, a temperatura no "olho" era bem mais elevada do que nas bordas (parede de nuvens) e a pressão em seu núcleo era extremamente baixa. Além disso, os pesquisadores também estimaram os ventos mais fortes em torno de 180 km/h. Com base na avaliação dos danos foi possível estabelecer de forma mais precisa a intensidade do Catarina, que segundo a escala Saffir-Simpson, corresponde a um furacão de categoria 3, com ventos sustenidos de 178 km/h a 210 km/h. Mas, devido a falta de precisão, estabeleceu-se o furacão Catarina como categoria 2.

Impactos


Ciclone Catarina na costa.
Normalmente ocorre com os ciclones tropicais, o Catarina trouxe enchentes. O furacão danificou no mínimo 40.000 casas e 1.500 foram completamente destruídas. 85% do cultivo da banana e 40% da cultura de arroz também foram perdidos. Os danos totais foram estimados em U$ 350 milhões de dólares. Ele também matou pelo menos três pessoas e feriu pelo menos 75. Pelo menos 2.000 pessoas ficaram desabrigadas após a tempestade. Em Passo de Torres, muitos estaleiros foram destruídos, pois eles não foram projetados para suportar as diferenças de pressão causadas pelos ventos de Catarina. Os principais danos relatados foram telhados destruídos neste município. As áreas rurais (campos de milho, banana, arroz) receberam os maiores danos. Os produtores de arroz conseguiram recuperar parcialmente suas perdas, pois tinham colhido antes que o Catarina atingisse a costa.
No total mais de 100.000 residências foram danificadas em consequência do Catarina. Desses, 993 desabaram completamente. No setor comercial foi ligeiramente melhor, pois só 2.274 edifícios foram danificados e 472 desmoronaram. Entretanto, 397 edifícios públicos foram danificados e três foram destruídos. Estes são responsáveis por 26% do total de edifícios da região, e danos à propriedade de 29 milhões de reais (valores em 2004). Quatro quintos das casas danificadas tiveram algum tipo de falha ou colapso do telhado. A maioria dos danos foi atribuída à baixa qualidade da construção; nas residências de tijolo normalmente faltavam vigas, colunas, gesso etc. O extremo nordeste do Rio Grande do Sul e as cidades do sul de Santa Catarina foram as mais afetadas.

Vídeo mostra a formação e trajetória do Furacão Catarina. Imagens feitas no canal Vapor Dágua:
 

Vídeo mostra os estragos causados em Torres-RS pelo Furacão Catarina:
 

terça-feira, 25 de março de 2014

SECA NA ARGENTINA

 No mapa acima vemos o número de dias sem chuva e observamos que além de continuar a seca na Venezuela, agora também não chove na Argentina. Motivo são as frentes frias que estão bloqueadas no Pacífico Sul, como já vimos anteriormente. Abaixo, imagem das 14h de 25.03.2014 mostra que não há frentes frias.

olhardireto.com.br
24/03/2014 - 15:03

Brasil e Argentina concentraram fenômenos climatológicos extremos em 2013

EFE
 O nordeste do Brasil viveu durante 2013 a pior seca dos últimos 50 anos, enquanto a Argentina teve o segundo ano mais quente desde que as estatísticas começaram a ser recolhidas em 1961, segundo anunciou nesta segunda-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Estes dados surgem da Declaração sobre o Estado do Clima de 2013, elaborada pela OMM, e que contém detalhes sobre precipitações, inundações, secas, ciclones tropicais, coberturas de gelo e o nível do mar em escala regional.

As temperaturas na América do Sul estiveram dominadas pelo calor na maior parte do continente, revela o relatório, que especifica, no entanto, que houve exceções nesta tendência no noroeste do continente, com temperaturas mais baixas do que a média.

O nordeste do Brasil, conhecido por ser um dos lugares mais secos do todo o continente, viu este fenômeno se agravar consideravelmente no ano passado.

Este fenômeno infelizmente foi seguido por uma seca permanente da zona amazônica na década de 2001 a 2010, a pior dos últimos 50 anos, especificou a OMM.

O organismo destaca que o planalto brasileiro sofreu o maior déficit de chuva desde 1979, o que levou a investimentos que superaram os US$ 8 bilhões.

Na Argentina, um período extremamente cálido de outubro a dezembro, incluindo o dezembro mais quente desde que são compiladas estatísticas, contribuiu para que 2013 fora o segundo ano mais caloroso (após 2012) desde que se têm dados.

O centro e o norte da Argentina sofreram com a onda de calor mais intensa desde 1987.

Outro dos fenômenos extremos que a Argentina sofreu em 2013 foram as inundações da cidade de La Plata, que causaram 50 mortes.

Em 2 de abril de 2013, La Plata recebeu 300 milímetros de chuva em apenas três horas, precipitações que inundaram a cidade e se transformaram em um dos piores desastres meteorológicos da história do país.

O relatório lembra que muitos estados do Brasil também sofreram com intensas chuvas durante dezembro e que sete cidades alcançaram recordes.

Por exemplo, a cidade de Aimorés, no sudeste, recebeu quatro vezes a chuva média que é registrada normalmente em dezembro.

Em nível global, o relatório revela que o ano 2013 foi, junto com 2007, o sexto ano mais caloroso desde meados do século XIX, quando começou o registro moderno de temperaturas.

O organismo -que antecipou esta informação em fevereiro- considera que este dado é uma confirmação a mais da mudança climática.

Tanto em 2013 como em 2007, as temperaturas da superfície do oceano e da terra foram superiores em 0,50 graus centígrados à média de 1961 a 1990, e 0,03 graus centígrados mais altas do que a média da década mais recente (2001-2010).

Deixando sem argumentos os que ainda rebatem o fenômeno da mudança climática, a OMM precisou que 13 dos 14 anos mais quentes dos que se têm dados ocorreram no século XXI.

Os anos mais quentes de todos foram 2005 e 2010, com temperaturas mundiais superiores em 0,55 graus centígrados à média a longo prazo.

Em 2013, as temperaturas altas mais extremas foram registradas na Austrália, que viveu o ano mais caloroso que se tem registro.

ANOMALIAS DE TEMPERATURA NO ÁRTICO


 As imagens mostram a grave situação de anomalias de temperaturas no Ártico. Veja como estão muito acima da média, tanto na atmosfera quanto no oceano.


ANOMALIA DE TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR NO ÁRTICO

naturlink.sapo.pt

ONU: Dos 14 anos mais quentes que há registro, 13 tiveram lugar no século XXI

Filipa Alves (24-03-2014)

Dos 14 anos mais quentes que há registro, 13 tiveram lugar no século XXI, indica o mais recente relatório da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, sigla em inglês), organização da ONU. Outros fenómenos que revelam alterações inequívocas do clima dizem respeito ao aumento dos eventos climáticos extremos e a tendência de recuo da superfície gelada no Ártico.
O relatório anual da WMO analisa as características do Clima no ano anterior e procura identificar tendências climáticas analisando os dados referentes a vários anos em conjunto.

Os resultados do relatório agora publicado mostram uma tendência inequívoca de aumento das temperaturas ao longo do passado recente, com a primeira década do séc. XXI a ser a mais quente de que há registro e 2013 a ser um ano invulgarmente quente.

Com efeito, o relatório confirma que só houve 5 anos mais quentes que 2013, como já tinha sido avançado pela ONU há cerca de um mês. As elevadas temperaturas atingiram com maior intensidade o hemisfério sul, tendo o ano passado sido o mais quente de que há registo na Austrália, o segundo mais quente no caso da Argentina e o terceiro mais quente na Nova Zelândia.

Por outro lado, embora a camada de gelo no Ártico não tenha atingindo os valores mais baixos de que há registo em 2013, apenas 5 anos registaram menos gelo no verão e os sete anos com valores mais reduzidos ocorreram desde 2007.

Michael Jarraud, Secretário-geral da WMO, conclui que estas são provas claras que, ao contrário do que tem sido afirmado, o aquecimento global não parou:

“Não existe nenhuma pausa no aquecimento global, afirmou o responsável. Por outro lado, “muitos dos eventos extremos de 2013 estão de acordo com o que seria de esperar como resultado das Alterações Climática induzidas pelo Homem, acrescenta Michael Jarraud. “Assistimos a precipitação mais forte, mais calor intenso e mais danos provocados por tempestades e inundações costeiras como resultado do aumento do nível do mar”.

O The Guardian notícia que na próxima semana será publicada a segunda parte do relatório, que fará parte do 5º Relatório sobre Alterações Climáticas do Painel Intergovernamental da ONU que reúne especialistas no tema.

Fontes: http://www.theguardian.com e http://www.wmo.int

segunda-feira, 24 de março de 2014

BLOQUEIO ATMOSFÉRICO NO PACÍFICO SUL

Imagem animada das 10h de 24.03.2014, mostra frentes frias sendo bloqueadas por uma Alta Pressão que as impedem de chegar ao Chile.

 Abaixo na imagem animada, vemos o motivo do bloqueio atmosférico que são as águas mais aquecidas no Pacífico Sul que intensificam os ventos, impedindo o avanço das frentes frias.
Ainda há poucos sinais de El Niño no Pacífico Oriental. No Atlântico Sul, diminui anomalia de TSM e no Atlântico Norte a leste dos EUA aumenta, passando de amarelo à alaranjado.

 Aqui vemos os mapas de TSM do Atlântico Sul e percebe-se que continuam menos quentes as águas no Nordeste do Brasil enquanto no Sul, começa  atuar a corrente fria das Malvinas ou Falklands(comum no outono/inverno), como se vê abaixo em azul:

domingo, 23 de março de 2014

CHUVAS NO NOROESTE DOS ESTADOS UNIDOS

Imagem do dia 17.03.2014 mostra forte instabilidade sobre o noroeste dos EUA onde causou fortes chuvas.

NOTÍCIAS TERRA
atualizado às 12h01

Equipes buscam sobreviventes de deslizamento nos EUA

Três pessoas morreram e pelo menos oito ficaram feridas; busca por sobreviventes continua

Vista aérea do deslizamento entre as cidades de Arlington e Darrington, nos EUA Foto: AP
Vista aérea do deslizamento entre as cidades de Arlington e Darrington, nos EUA
Foto: AP


Equipes de resgate trabalham na remoção de uma grande quantidade de lama, pedras e árvores neste domingo, em uma tentativa de resgatar sobreviventes após um deslizamento de terra que causou a morte de três pessoas no noroeste dos Estados Unidos.

Pelo menos oito pessoas ficaram feridas, incluindo um bebê de seis meses, quando parte de uma montanha veio abaixo devido às chuvas torrenciais que atingem a região. O deslizamento destruiu seis casas na comunidade rural de Oso, nordeste de Seattle, no estado de Washington, informaram a polícia local e os bombeiros.

"Há pessoas pedindo ajuda e estamos nisto", disse Travis Hots, chefe dos bombeiros do distrito localizado no condado de Snohomish. "Enfrentamos uma situação muito instável", completou.

As equipes de emergência também estão utilizando câmeras de imagem térmica para ajudar nos trabalhos de resgate, segundo informações do gabinete do xerife do condado de Snohomish.

Os temporais das últimas semanas foram mais intensos na região de Cascade Mountains. A previsão indica que as condições serão melhores neste domingo, mas pancadas de chuva ainda devem ser registradas durante a semana.

DIA MUNDIAL DA ÁGUA


 
atualizado às 14h17

Água é mais valiosa que petróleo, diz especialista

No Dia Mundial da Água, gerente da National Conservancy acredita que a humanidade sabe como preservar o mineral

 Foto: Getty Images Foto: Getty Images

  • Ana Lis Soares
O Dia Mundial da Água é comemorado neste sábado, 22 de março, como uma tentativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de conscientização sobre o uso e a conservação do líquido. Neste ano, o tema é Água e Energia e traz em todo o mundo debates sobre a produção energética de forma limpa e econômica.  Segundo a ONU, mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso à eletricidade e outras 768 milhões não possui acesso à água potável.

A urbanização é alvo de preocupações em se tratando dos recursos hídricos
Em todo o planeta a água é preocupação, já que há forte aumento na demanda nos últimos anos acompanhado de aumento proporcional no consumo per capita. Soma-se a isso a poluição e degradação de mananciais e a crescente urbanização e está desenhado um cenário pouco animador no que diz respeito à preservação dos recursos hídricos.

De toda a água presente no planeta, só 3% está disponível como água doce. Destes 3%, três quartos está congelada nas calotas polares e 10% estão confinados nos aquíferos; portanto, à disposição em estado líquido resta apenas 15%.


Califórnia, Estados Unidos: a terra seca e rachada é visível no que costumava ser o fundo de Folsom Lake março em 20, 2014, em El Dorado Hills, Califórnia. Agora em seu terceiro ano consecutivo de condições de seca, Califórnia está passando por sua mais seco ano no registro, que remonta 119 anos, e reservatórios em todo o estado têm baixos níveis de água. Folsom Lake, um reservatório localizado a nordeste de Sacramento, viu a sua capacidade de diminuir ao longo dos últimos 2 anos de seca com os níveis atuais em torno de 20% do normal Foto: Getty Images
Califórnia, Estados Unidos: a terra seca e rachada é visível no que costumava ser o fundo de Folsom Lake março em 20, 2014, em El Dorado Hills, Califórnia. Agora em seu terceiro ano consecutivo de condições de seca, Califórnia está passando por sua mais seco ano no registro, que remonta 119 anos, e reservatórios em todo o estado têm baixos níveis de água. Folsom Lake, um reservatório localizado a nordeste de Sacramento, viu a sua capacidade de diminuir ao longo dos últimos 2 anos de seca com os níveis atuais em torno de 20% do normal
Foto: Getty Images

E a tendência é de piora. Entre os anos 1900 e 2000, o consumo de água no planeta aumentou em dez vezes (de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000 Km3/ano). E os usos múltiplos da água, como alimentação, energia, indústria, também aceleraram em todo planeta.

Para os próximos anos, dois fenômenos vão impactar o acesso à água: expectativa, até 2050, é de que haja 9 bilhões de pessoas no mundo, com 47% desta população vivendo em grandes cidades; além disso, e espera-se que grande parte dos países apresentem um aumento de renda per capita. 

O que me deixa otimista é que sabemos para onde ir, temos bons exemplos de países que cuidaram de mananciais e conseguiram ter acesso à água em quantidade e qualidade

A urbanização é alvo de preocupações em se tratando dos recursos hídricos. Ela aumenta as demandas para grandes volumes de água e também os custos do tratamento, além das necessidades de mais energia para distribuição de água e a pressão sobre os mananciais.

Apesar dos números nos levarem a um risco de colapso, o gerente de Fundos de Água da organização The Nature Conservancy (TNC), Fernando Veiga, é otimista em relação ao futuro dos recursos hídricos. Para ele, o grande desafio do século XXI é equilibrar a demanda e a conservação, como através de cuidados com as mananciais. Fernando é claro: “é um grande desafio, mas nós sabemos para onde temos de caminhar”.


 Foto: Getty Images Foto: Getty Images

Conversamos com o gerente de Fundos de Água da TNC, que é uma das maiores organizações do mundo de conservação ambiental, presente em mais de 35 desde 1951. O especialista Fernando Veiga já liderou a campanha da TNC “Plant a Blillion Trees”, para restauração da Mata Atlântica do Brasil, entre outros projetos – como o recente “Movimento Água para São Paulo”. Veiga possui um Ph.D. em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um diploma de bacharelado em Agronomia da Universidade Estadual Paulista.

No Dia Mundial da Água, o que é mais importante, no seu ponto de vista, a se fazer pela água no mundo? 

O grande problema é atender o aumento da demanda com a oferta de água. Acredito que a grande questão relacionada à água neste momento é que você tem para os próximos anos dois fenômenos que vão impactar o acesso à água: temos uma expectativa para 2050 de 9 bilhões de habitantes no mundo, com um aumento de renda per capita da população (o que é bom socialmente, mas um desafio ambiental). Alguns estudos veem um aumento de consumo de 64 bilhões de metros cúbicos, o que é um fator de expressão muito forte, significando uma série de problemas de atendimento desta demanda.

Para se ter ideia, em 2030, 47% da população estará vivendo em grandes cidades. Na América Latina, já sofremos um grande processo de urbanização. Há uma expectativa de que teremos em breve 70% da população vivendo na área urbana. Aliás, a América Latina já é o continente mais urbanizado do planeta.  
Em Quito, no Equador, nosso exemplo mais próximo, eles possuem um ótimo modelo de iniciativa, de parceria local entre as empresas de água e os fundos de água

Quando a gente pensa em água, pensamos em coisas muito básicas. Mas a água tem uma relação muito grande com alimentos (agricultura consome 70% dos recursos) e a produção de energia, coisas que são fundamentais. Hoje, encontramos a degradação de quase todos os mananciais de abastecimentos principais no mundo. Isso significa a devastação da cobertura vegetal original, o uso mal aproveitado de pastagens e processos de poluição.

Qual o cenário em relação à demanda X população na América Latina?
A água não é distribuída igualmente, você vê pelo exemplo da Amazônia, que possui enorme recurso, mas baixa densidade populacional. Já em São Paulo, temos uma concentração de demanda e percebemos problemas sérios, como este sofrido atualmente na Cantareira. E isto não atinge somente a capital, mas toda a área próxima das cabeceiras dos rios fornecedores. Em Piracicaba, Campinas, temos valores hídricos iguais a de países semiáridos. Outro exemplo interessante neste sentido, é Lima, no Peru, 70% da população do país vivem onde estão apenas 1,8% da água.

Você é otimista em relação ao futuro?
Sim, porque estamos trabalhando no sentido da conscientização em todo o mundo. Há um engajamento. No setor privado, grande parte das empresas vem percebendo a importância deste tema, investindo na manutenção e proteção de recursos hídricos e suas mananciais. No setor público, vemos que vários países com agências de água ativas, cada vez mais preocupadas. É claro que o desafio é muito grande e nós vamos ter de trabalhar de forma conjunta. O que me deixa otimista é que sabemos para onde ir, temos bons exemplos de países que cuidaram de mananciais e conseguiram ter acesso à água em quantidade e qualidade.

A maioria dos principais mananciais do mundo estão comprometidos, de acordo com Fernando Veiga Foto: Getty Images
A maioria dos principais mananciais do mundo estão comprometidos, de acordo com Fernando Veiga
Foto: Getty Images

Quais exemplos são estes?
Temos alguns bons exemplos: a Costa Rica dá incentivos econômicos ao setor agropecuário para a conservação e cuidados com mananciais, da natureza. Eles conseguiram trabalhar de forma conjunta na restauração desta natureza e recuperar importantes fontes de água. Em Quito, no Equador, nosso exemplo mais próximo, eles possuem um ótimo modelo de iniciativa, de parceria local entre as empresas de água e os fundos de água, possibilitando a qualidade e a oferta de água, e é algo que queremos replicar no Brasil: reunir um grupo de atores usuários de água, recolhendo recursos públicos e privados com parcerias com a população local, os chamados “produtores locais”.
A passagem deste valor econômico da água é mais forte do século 20 para 21

Outro exemplo é a cidade de Nova York, nos EUA. Lá encontramos uma das águas de melhor qualidade no país. Eles retiram o mineral em lugares distantes, e investiram pesadamente na década de 1990, com associações de produtores rurais. A água vem direto dos canais, não passam por tratamento de agua. É interessante do ponto de vista ambiental, social, econômico.

A água é o novo petróleo? O que você acha desta frase?
Com certeza! Aliás, a água é muito mais que o petróleo. Precisamos de água para tudo. O petróleo foi uma fonte de energia, é necessário, mas a água é essencial. A percepção a partir dessa frase tem a ver, claro, com a escassez. Nos casos na América Latina, achávamos que a água seria um bem inesgotável, que poderia se utilizar sem pensar. Mas, ao contrário, é um bem escasso, você tem que dar valor, você tem que tratar bem, você tem que punir quando tratam mal, acho que a água terá um valor econômico cada vez mais forte.

Indonésia - 22 de março: mulheres indonésias procuram água com conchas na praia neste Dia Mundial da Água, 22 de março de 2014, em Surabaya, na Indonésia. ONU reconhece a necessidade global de água e conservação de energia Foto: Getty Images
Indonésia - 22 de março: mulheres indonésias procuram água com conchas na praia neste Dia Mundial da Água, 22 de março de 2014, em Surabaya, na Indonésia. ONU reconhece a necessidade global de água e conservação de energia
Foto: Getty Images

A passagem deste valor econômico da água é mais forte do século 20 para 21. Porém, olhando para nós, acho que o Brasil está numa situação muito melhor que boa parte dos países... Ainda temos tempo para acertar. É um desafio, mas temos bons instrumentos.


Dados da ONU para o Dia Mundial da Água 2014 Foto: Arte Terra
Dados da ONU para o Dia Mundial da Água 2014
Foto: Arte Terra

Fernando Veiga é gerente de Fundos de Água e já liderou a campanha da TNC Plant a Blillion Trees para restauração da Mata Atlântica do Brasil. Veiga tem grande envolvimento com o Movimento Água para São Paulo, de conservação dos mananciais que fazem parte das fontes de abastecimento da região metropolitana e é uma iniciativa financiada pelo Fundos de Água. É Ph.D. em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um diploma de bacharelado em Agronomia da Universidade Estadual Paulista