VÍDEO MOSTRA OS IMPRESSIONANTES VENTOS DE 130KM/H EM LIVRAMENTO - RS
NO SÁBADO DIA 20.12.2014 QUANDO A FRENTE FRIA ENTROU NO RS
O QUE É UMA MICROEXPLOSÃO?
A surpreendente força dos ventos
O vendaval que atingiu a cidade de Itu, no interior de São
Paulo, pode ter sido causado por um arisco fenômeno de nome
microexplosão.
Pés-de-vento, explosões ascendentes, ventos de calmaria,
microexplosões, ciclones e tornados são personagens que, vez por outra,
ganham efêmera existência na atmosfera e perturbam consideravelmente a
vida dos homens. Feitos de ar e alimentados, em ultima instancia, pelo
calor do Sol acumulado no solo, eles podem ser bastante destrutivos,
mesmo quando tem proporções relativamente modestas. Prova disso foram às
violentas lufadas que este ano assustaram brasileiros de diversas
localidades, do sul ao Nordeste do país. A maior surpresa foi em Itu, a
100 quilômetros da capital paulista, onde em setembro ultimo, um súbito
vendaval destruiu 250 casas e jogou para o ar quase duas vezenas de
mortos.
“A violência dos danos indica que a velocidade da massa
de ar era bem superior a 200 quilômetros por hora”, avalia a
meteorologista Maria Assunção da Silvia Dias, do instituto Astronômico e
Geofísico, da Universidade de São Paulo. Ela explica que o desastre
parece ter sido causado por um arisco fenômeno de nome microexplosão. Em
principio, ela não é diferente de outros ventos fortes, que são criados
pelo encontro de duas ou mais massa de ar, frias e quentes. Em Itu,
formou se, em seguida, uma gigantesca nuvem de 50 quilômetros de base
por 10 de altura, em cujo interior o ar frio foi empurrado para baixo e o
ar quente e úmido, para cima (ilustração).
O micro explosão teria
acontecido quando uma porção da massa ascendente, a cerca de 4
quilômetros da superfície, perdeu calor e umidade, tornando-se, por
isso, densa e pesada. Tanto que literalmente despencou, descendo quase
na vertical em direção ao solo. A cerca de 50 metros de altura, o jato
nivelou, atingindo velocidade máxima. Feita todas as contas, o vento
horizontal pode ter durado menos de 10 minutos e avançando 10
quilômetros, perdendo impulso em virtude dos acidentes de superfície. É
justamente a pequena escala de tamanho que torna esse tipo de fenômeno
tão peculiar e imprevisível.
A ciência do clima, simplesmente,
não da conta da variedade de fenômenos existentes na linha de encontro
entre as massas de ar. “A atmosfera se comporta como a água ao longo de
um rio turbulento”, compara o gaucho Cléo Kuhn, do 8° Distrito de
Meteorologia, sediado em Porto Alegre. Para piorar, as turbulências
muitas vezes se estendem por milhares de quilômetros quadrados e em cada
local se manifesta de uma maneira diferente. No Sul, os ventos passaram
dos 80 quilômetros por hora, em inúmeros pontos, desde as plagas
gauchas até Santa Catarina.

Em resumo, as microexplosões são
fenômenos relativamente esporádicos, mas não são excepcionais. O diretor
do instituto de pesquisas meteorológicas da Bauru, Roberto Vicente
Calheiros, diz ter conhecimento de pelo menos mais três delas, nos
últimos anos, uma em Aquidauana, MS, e outra em Ilha Solteira, PR; e uma
terceira na região de São Bernardo, SP, em abril deste ano. Existem
ainda as explosões ascendentes, semelhantes às microexplosões. “A
primeira se origina entre 4 e 10 quilômetros de altura, dura ate 60
minutos e produz ventos menos intensos que a segunda”, esclarece
Calheiros. É possível que parte dos estragos em Itu tenha sido causada
por ciclones, isto é, massas de ar em rotação descendente.
Essas
massas se agitam quando o ar aquecido pelo solo começa a subir e deixa
sob si uma zona rarefeita, ou de baixa pressão. Assunção assegura que as
tempestades sempre geram ciclones. Eles podem ser frágeis, se a pressão
é pouco menor que a normal, fixada em 1013 milibares; mas se ela cair a
um décimo desse valor, adquirem força considerável. A família das
massas em rotação inclui também os populares pés-de-vento que geralmente
precedem as tempestades, têm curta duração e pouca energia. Os ventos
de calmaria, enfim se formam quando a camada de ar até 100 metros de
altura esta fria e calma pela manha. A medida que essa camada se aquece,
o ar da camada superiores desce em espiral. Os acontecimentos recentes,
portanto, apenas tornaram mais bem conhecidos fenômenos que não são
realmente novos. Talvez tenham passado despercebidos, no passado porque a
população era menor e poucos danos chagavam a chamar atenção, argumenta
Calheiros. Trata-se de uma lembrança importante: para lidar com o clima
é preciso dispor de uma tecnologia que o pais ainda não têm. Durante as
tempestades são particularmente úteis as grandes redes de radar, que
podem delinear o volume nas nuvens em formação e antecipar detalhes de
curto prazo sobre sua evolução. Mas no Brasil, atualmente, há apenas 8
radares – 4 deles em operação efetiva -, contra, por exemplo, 175 nos
estados Unidos e 200 na China.
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Frentes de Rajada |
O corrente de ar descendente de uma trovoada severa espalha-se lateralmente depois de atingir o solo. A linha
demarcadora que é formada entre a corrente fria de ar descendente e o ar quente da superfície chama-se
frente de
rajada. Para um observador no solo, a passagem de uma frente de rajada é semelhante a uma
frente fria. Os ventos mudam de direção, tornando-se fortes e tempestuosos com velocidades acima de 55 nós (100km/h). A
temperatura do ar cai, e a pressão atmosférica eleva-se por causa do peso da corrente de ar descendente. Se a pressão
atmosférica eleva-se vários milibares, a área de alta pressão chama-se
mesoalto (mesoescala alta). O ar frio pode
perdurar perto do solo por várias horas, bem depois do final de uma atividade de trovoada.
Ao lado da borda da frente de rajada, o ar é muito turbulento. Aqui, os ventos fortes podem levantar poeiras soltas e
terra para dentro de uma grande nuvem que se revolve. A
nuvem em forma de rôlo é formada quando o ar úmido e quente ascende
ao lado da borda da frente de rajada (também chamada
nuvem arcus, foto acima). Às vezes a frente de rajada força
a elevação de ar úmido e quente, produzindo novas trovoadas.