sexta-feira, 12 de abril de 2013

AQUECIMENTO GLOBAL


atualizado às 17h45

Inverno rigoroso na Europa renova debate sobre aquecimento global

Para muitos pesquisadores, termômetros mais baixos são fenômeno meteorológico e não climático

Mãe usa trenó para puxar seus filhos em rua coberta pela neve em Budapeste, na Hungria, no começo da primavera no Hemisfério Norte Foto: Reuters
Mãe usa trenó para puxar seus filhos em rua coberta pela neve em Budapeste, na Hungria, no começo da primavera no Hemisfério Norte
Foto: Reuters

Se tomada como parâmetro a temperatura média em períodos de cinco anos, nos últimos 15 anos pode-se verificar uma redução na curva de aquecimento global. E para Ed Hawkins isso não é uma surpresa."Temos certeza que as emissões de dióxido de carbono foram responsáveis por grande parte do aumento da temperatura nos últimos 150 anos. Porém, não partimos do princípio de que todo ano será mais quente que o anterior", explica o pesquisador da Universidade de Reading, da Inglaterra.

Durante as décadas de 1960 e 1970, diz Hawkins, também houve anos em que as temperaturas diminuíram – e isso pode ser atribuído a oscilações naturais. Segundo ele, em determinados intervalos de tempo ocorrem mudanças nos oceanos, e o aquecimento dos últimos anos foi absorvido no fundo do mar, seguindo um ciclo natural. Assim, esse calor acaba não sendo mais constatado na superfície.

Outro motivo possível para esse resfriamento, segundo o cientista, seria o aumento da queima de carvão em países como China e Índia. A poeira fina resultante desse processo forma uma camada na atmosfera que pode resfriar a terra, uma vez que ela reflete a radiação solar. Mesmo assim, Hawkins ainda é reticente em afirmar se a atual atenuação do aquecimento global é uma oscilação natural ou não.

Peter Lemke, diretor do setor de pesquisas climáticas do Instituto alemão Alfred-Wegener para pesquisa polar e marítima, adverte sobre a utilização de estatísticas quinquenais para nivelar o desenvolvimento do clima. "Processos climáticos devem ser avaliados em um período de 30 anos", explica Lemke à DW. "Nos últimos 30 anos há uma tendência de aumento."

Lemke cita como exemplo 1998, ano considerado extremamente quente. E a escolha de um ano especialmente quente ou frio para o início de uma pesquisa, afirma, pode comprovar uma tendência crescente ou decrescente.

O especialista garante que a temperatura subiu nos últimos 15 anos de forma significativa – assim não é possível se basear em um período curto. "A partir de uma perspectiva global, 2010 foi o ano mais quente, mas a temperatura em 2005 não foi muito menor do que a medida em 2010. Desde 1978, as temperaturas não estão mais no nível normal – em comparação com uma média de um período de 30 anos – há um nítido aquecimento", explica.

"O quão sensível é o nosso sistema climático a interferências como o aumento das emissões de dióxido de carbono? Como o sistema climático se comporta em relação à precipitação pluvial, aumento da temperatura ou derretimento das calotas polares?", questiona Lemke. Responder a essas perguntas, garante, "é muito complicado".

Medição controversa Mas justamente essas questões são importantes para quem precisa se preparar para as mudanças climáticas. Dependendo do modelos de medição, está previsto um aumento da temperatura de 1,5 até 6 graus nos próximos cem anos. Segundo Lemke, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que será publicado em 2014, não resolverá o problema da margem de flutuação dessa estimativa, causado por esses modelos de medição diferentes.

O atual retardamento do aquecimento não é um motivo para o fim do alerta. Hawkins acredita que o novo relatório do IPCC pode admitir que o clima reage de forma menos sensível do que se acreditava às emissões de dióxido de carbono. "Mesmo assim nós esperamos um grande aquecimento na próxima década. Mas nós teremos eventualmente mais tempo", diz Hawkins.

O longo período de frio intenso, que dá a impressão no oeste europeu de um resfriamento global, é causado por uma zona de alta pressão estável sobre a Escandinávia, ou seja, é um fenômeno meteorológico e não climático. Em uma perspectiva global, o inverno foi mais quente do que o normal, lembra Lemke.

"O interessante é que alguns estudos climáticos revelaram que essa zona de alta pressão estável sobre a Escandinávia surge com mais frequência quando há uma redução no volume do gelo flutuante no Ártico no verão e no outono", explica Lemke. "Essa redução esquenta o oceano, que devolve esse calor para a atmosfera, interferindo no modelo de circulação normal e causando, assim, essa zona de alta pressão mais estável que a habitual."

A dimensão do gelo flutuante no Ártico alcançou o seu menor tamanho em 2012. Este início de primavera europeia com temperaturas de inverno parece justificar a tese de Vladimir Petoukhov, do Instituto de Pesquisas Climáticas de Potsdam. Em pesquisa publicada em 2010, o pesquisador explica: "Invernos fortes não contradizem o aquecimento global, e sim o completam."

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Meio Ambiente - 
Artigo publicado em 10 de Abril de 2013 - Atualizado em 11 de Abril de 2013

Oceanos podem estar por trás de "pausa" no aquecimento global

Aquecimento de oceanos é registrado em baixa profundidade, o que pode significar absorção de calor na superfície.
Aquecimento de oceanos é registrado em baixa profundidade, o que pode significar absorção de calor na superfície.
AFP/ PEW ENVIRONMENT GROUP

A última década foi a mais quente registrada na história, mas a alta dos termômetros parece dar uma pausa, de acordo com climatologistas que estudam as mudanças climáticas. A estabilização das temperaturas – que não invalidam as projeções de aquecimento a longo prazo - pode ser explicada pela captação de calor pelos oceanos.

Desde 1880, quando as temperaturas globais começaram a ser registradas, jamais a humanidade teve uma década tão quente quanto a última. Segundo os cientistas, as emissões de gases de efeito estufa são as responsáveis pela elevação de quase 1ºC na temperatura media do planeta.
Esta situação será estudada em setembro, na próxima reunião do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec). Os climatologistas debaterão sobre as causas e as consequências de a temperatura média se estabilizar na superfície do globo nos últimos 10 anos, apesar das taxas de concentração de CO2 não pararem de aumentar na atmosfera.
As hipóteses para explicar o quadro ainda são múltiplas: eventual queda da atividade solar, aumento dos aerosóis de origem vulcânica ou fóssil na atmosfera – que refletem os raios solares e, principalmente, absorção do calor pelos oceanos. Um estudo publicado no domingo na revista Nature Climate Change associa essa “redução do aquecimento” a uma “absorção crescente do calor pelos oceanos, em especial pelo Atlântico e o Pacífico tropical”, conforme a cientista Virginie Guemas, uma das autoras do estudo. “Esta absorção de calor pelos oceanos apenas mascara temporariamente o efeito dos gases de efeito estuda”, disse Guemas, pesquisadora do Instituto Catalão de Ciências do Clima.
Outro estudo, divulgado na revista científica Geophysicals Research Letters, avalia o papel das profundezas do oceano e mostra que 30% do aquecimento das águas marinhas ocorreu a até 700 metros de profundidade, o que pode ser um indício da absorção do calor na superfície.
No ritmo atual de emissões de gases, o planeta poderia ganhar de 3 a 5ºC nas próximas décadas, de acordo com as estimativas mais recentes dos cientistas. Eles afirmam que, por melhor que sejam as condições no futuro, vai ser muito difícil conter a alta de pelo menos 2ºC 
 
 

 aquecimento global, Voo, Oceano Atlântico

Aquecimento global intensificará turbulência em voos


 
9.04.2013, 11:55, hora de Moscou

aquecimento global, Voo, Oceano Atlântico

EPA

Em 2050, voos sobre o Atlântico serão acompanhados por maior turbulência devido à mudança climática global, advertem cientistas britânicos.

Os especialistas da Universidade de Reading observam que ainda agora as aeronaves enfrentam ventos mais fortes, voando sobre o oceano, e a turbulência crescerá a medida que as emissões de gases de efeito estufa crescerem.
É pouco provável que os voos se tornem mais perigosos, mas a turbulência elevada irá aumentar o custo do transporte aéreo, visto que o tempo de voo e o consumo de combustível aumentarão.
 
 

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