O Clima sempre interferiu na vida humana, e o homem sempre teve curiosidade em saber o funcionamento dos fenômenos climáticos. Hoje com toda a tecnologia é possivel ver e prever o tempo com grande antecedência. Isso torna o ser humano menos vulnerável as intempéries, e pode planejar com mais segurança o seu futuro.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
O INVERNO RUSSO
GAZETA RUSSA
Inverno nem tão glamouroso
01/12/2013
Gazeta Russa
Habituados ao “verão eterno”, brasileiros sequer imaginam os
percalços do dia a dia em regiões onde a temperatura cai para -30°C.
Hábitos mudam, as contas aumentam e todo esforço é sinal de
sobrevivência. Confira abaixo algumas das particularidades de um inverno
que vai além daquela ideia de glamour.
Em Moscou, até 40 centímetros de neve podem ser acumulados durante a noite Foto: AFP Photo / East News
A palavra
“Rússia” imediatamente remete a tempestades de neve na Sibéria. De fato, as
temperaturas baixas não são raridade no maior país do mundo, ainda que o clima
varie de polar a subtropical na costa do mar Negro. A
temperatura média na cidade de Sôtchi, por exemplo, fica em torno de 15°C em
janeiro. Isso é motivo suficiente para os russos de outras regiões, como os 470
habitantes de Oimiakon, onde os termômetros caíram para -72°C no ano passado,
morrerem inveja dos moradores de Sôtchi. Não dá
para negar que o inverno define todos os aspectos da vida nesses locais, mas os
moradores estão acostumados a geadas e levam as baixas temperaturas numa boa.
Confira abaixo alguns exemplos da realidade russa durante a estação fria.
Colocando a “mão na neve” Seis
centímetros de neve causa caos na Alemanha ou na Inglaterra, enquanto na
Rússia as coisas ficam difíceis apenas quando a neve atinge quase meio metro de
altura. Se o
inverno chega ao país, o negócio é pra valer: em novembro de 2010, a
temperatura caiu de 0°C para - 20°C em apenas 24 horas. O inverno de 2009 foi
ainda mais severo, com temperaturas médias de -28°C. Em Moscou,
a estação fria dura cerca de quatro meses, e a neve é constante por uns 50
dias. Até 40 centímetros de neve podem ser acumulados durante a noite, o que exige
grandes esforços dos serviços públicos municipais para limpar as ruas. Assim que
começa a nevar, as máquinas para limpar neve entram em ação nas ruas da
capital. “Três a seis centímetros de neve fresca nunca é problema para nós, é
mais rotina mesmo”, diz Piotr Biriukov, chefe dos serviços municipais de
Moscou. Os
veículos limpa-neve empurram o montante acumulado para as laterais das vias, de
onde são retirados por outros caminhões e levados para uma das 200 estações de
derretimento de neve, cada uma capaz de transformar até 300 toneladas de neve
em água por dia. Esse processo custa aos cofres públicos cerca de 63,45 milhões
de reais por ano. Os motoristas russos também têm que fazer sua contribuição de
inverno. “Você tem
webasto?”, perguntam os guardas dos estacionamentos aos motoristas que deixam
seus veículos ao ar livre durante a noite. Eles estão se referindo a um aquecedor
interno que passa a funcionar depois que o motor do carro é desligado. Sem ele,
o arranque é impossível a uma temperatura de -35°C.
Durante
todo o inverno, os pneus também são necessariamente equipados com “spikes”,
para aumentar a estabilidade do veículo. Adicionar grande quantidade de líquido
para lavar o para-brisas também é de praxe – até 5 litros por dia. É possível
comprá-lo, literalmente, em qualquer lugar. Muitos motoristas simplificam suas
vidas instalando um tanque adicional para lavar os vidros. Mudança de hábito “Estou
indo para a bânia, ponha lenha no forno e ligue o samovar” são coisas que um
russo típico diria apenas 50 anos atrás. A “bânia” é a tradicional sauna russa,
e “forno” aqui significa uma grande estufa de pedra que qualquer “izba” – casa
de madeira – costumava ter. Já o “samovar” é um utensílio doméstico usado para
fazer chá. A
urbanização crescente está gradualmente acabando com as tradições populares, e
a própria construção urbana da época soviética fez com que muitos moradores do
atual território russo aposentassem tais hábitos. Na Rússia
moderna, os apartamentos têm aquecimento central, sem termostatos individuais.
A temperatura ambiente confortável é alcançada ao abrir um pouco as janelas,
enquanto o frio lá fora continua a castigar. Os ambientes internos estão sempre
superaquecidos, de modo que o ar quente e seco se torna um problema
generalizado – exceto para os comerciantes de umidificador. Para
evitar que as tubulações de água congelem, a água quente é primeiro aquecida em
centrais elétricas e depois bombeada diretamente para as casas. Os russos
têm que pagar pelo pato durante o verão, quando o abastecimento de água quente
é tradicionalmente suspenso por até três semanas para permitir a manutenção dos
encanamentos.
Moda para geadas As “mittens”
foram introduzidos na Rússia pelos varegues, daí o nome russo para tais luvas: “varejki”.
Elas mantêm as mãos quentes, e as vovós adoram fazer versões em tricô para os
seus netos. As botas de feltro (“valenki”) são
forradas com lã de cordeiro. Esses calçados protegem do frio mesmo em
temperaturas abaixo de -30°C. No entanto, não são resistentes à água e não
possuem solas grossas – por isso, são tradicionalmente usadas com galochas.
Estima-se que, anualmente, sejam produzidos em torno de 4,5 milhões de pares de
valenki na Rússia. Já o “uchanka”, gorro de pele com abas
protetoras de ouvido (a palavra deriva da palavra orelha em russo, “uchi”) é
praticamente um símbolo nacional. Hoje em dia, existem muitas variedades de
uchanka - desde as mais simples feitas de pele sintética aos modelos caríssimos
confeccionados com pele de zibelina.
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