23/04/2014 14h08
- Atualizado em
23/04/2014 14h08
Nasa monitora iceberg que 'nasceu' na Antártica e segue para mar aberto
Bloco de gelo gigante se desprendeu da geleira Pine Island.
Segundo a Nasa, iceberg é seis vezes o tamanho de Manhattan.
27/01/2014 06h30
- Atualizado em
27/01/2014 06h30
Mudanças climáticas ameaçam espécies marinhas na Antártida
Estudo argentino mostra que alterações afetam a vida no leito do mar.
Recuo de geleiras dificulta alimentação de espécies que vivem na região.
As substâncias liberadas na atmosfera pelas atividades industriais e agropecuárias no mundo todo terminam, pela própria ação da natureza, nas regiões polares e provocam um aumento nas temperaturas da área.
Esse é um dos fenômenos que contribuiu para transformar a península antártica no ponto austral onde as temperaturas se elevaram com maior rapidez nos últimos 50 anos, o que ainda intriga os analistas.
"Isso se vê acelerado por oscilações anualizadas associadas ao fenômeno do El Niño e à mudança dos centros de alta e baixa pressão que ocorre no Atlântico Sul, motivo pelo qual os ventos predominantes foram do mar, que tem maior temperatura, ao continente", explicou à Agência EFE o pesquisador Ricardo Sahade, do Instituto Antártico Argentino.
Essas mudanças profundas, somadas à atividade nas bases instaladas no continente gelado, afetaram o ecossistema, sobretudo o meio submarino bentônico, ou seja, a vida que habita o leito do mar.
Professor da Universidade Nacional de Córdoba e pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET), Sahade integra uma equipe de especialistas que se dedica, desde 1994, a estudar na enseada Potter, da base argentina Carlini, as consequências do aquecimento global nessas comunidades submarinas.
"90% das geleiras da península retrocede e na enseada Potter foi muito evidente. Há uma geleira que, em 1996, terminava no mar e agora retrocedeu ao ponto de deixar uma nova ilha descoberta", acrescentou.
Esse retrocesso causou a entrada de sedimentos da terra no mar, o que dificulta a alimentação das espécies bentônicas que se nutrem de filtrar partículas de água.
"Aí vimos grandes mudanças nessas comunidades em um tempo muito curto, o que era absolutamente inesperado", ressaltou Sahade.
As espécies que mais sofreram as consequências foram as ascídias, conhecidas como "batatas do mar", embora também tenham sido afetadas as esponjas, os corais e algumas algas marinhas.
"É a primeira mudança que se observa desta magnitude pela mudança climática", especificou o pesquisador argentino, que admitiu que o maior conhecimento do impacto na vida animal se observa nos arredores das bases.
"Os fiordes, como o espaço analisado na enseada Potter, praticamente não foram estudados e o que estamos vendo é que isso pode estar ocorrendo ao longo de toda a península", disse.
Além disso, os cientistas tentam esclarecer as incógnitas sobre a ilha recém descoberta após o retrocesso da geleira, que apareceu cheia de microorganismos.
Os cientistas se perguntam se esses microorganismos já viviam sob o gelo ou se desenvolveram nos seis anos que demoraram desde que a geleira deixou descoberta o lugar até que tomaram as mostras para analisar.
"Na Antártida, todos os processos biológicos, como a colonização, são muito lentos" e qualquer das duas opções tem desconcertados os especialistas, acrescentou Sahade. "Este lugar sempre nos traz surpresas", concluiu o cientista.
brasil247.com/pt
Sonho de gelo: Água de iceberg, dos polos ao equador
Um
rebocador puxa um imenso iceberg. A longa viagem o levará das águas
frias do Ártico até algum ponto quente e desértico na zona do Equador.
Por: Equipe Oásis
O aquecimento global tem levado um número cada vez maior de icebergs a desprender-se da Groenlândia e da Antártida e rumar para águas mais quentes, atrapalhando a navegação até desfazer-se no oceano. Enquanto isso, mais de 1,1 bilhão de pessoas sofrem com a escassez de água potável no mundo e 2,5 bilhões não têm acesso a sistemas de purificação de água. A ideia parece inevitável: não seria possível conduzir icebergs, com sua água puríssima, às regiões áridas do planeta? Até alguns anos atrás, quase ninguém levaria a proposta a sério. Mas a moderníssima tecnologia 3D pode ter mudado essa avaliação.
O principal responsável por essa revisão de conceito é um engenheiro francês, Georges Mougin, autor do Project Iceberg, o qual já executou todos os cálculos teóricos necessários à concretização da façanha. Ainda nos anos 1970, ele fazia parte de uma equipe convocada pelo príncipe Mohammad al-Faisal, da Arábia Saudita, para tornar realidade o projeto “Iceberg Transport International” – um plano de envolver um iceberg de 100 milhões de toneladas em lona e plástico e levá-lo das regiões árticas ao Mar Vermelho. As imensas dificuldades previstas para a execução do trabalho e o custo mínimo de US$ 100 milhões assustaram até mesmo os megamilionários sauditas e o projeto não foi adiante, mas Mougin não descartou a ideia e continuou em contato com glaciologistas, oceanógrafos e meteorologistas. Agora, cerca de três décadas e meia depois, o engenheiro – aos 88 anos de idade – já tem meios de provar que a empreitada pode ser realizada.
No
projeto de Mougin, um rebocador arrasta o iceberg através dos oceanos
até o seu destino. Um iceberg contem milhões de litros de água doce
(Ilustração)
Um programa de tevê mostrou o novo caminho a Mougin. Nele, um arquiteto explicava uma teoria sobre a construção das pirâmides egípcias com o auxílio de um programa da empresa de design francesa Dassault Systémes, especializada na elaboração de sofisticadas simulações em 3D. Mougin procurou então a companhia e fez contato com o diretor de projetos Cédric Simard. Conquistado pela ideia, Simard pôs sua equipe a reunir dados e a preparar uma simulação virtual solidamente fincada no mundo real.
Havia diversos fatores a considerar: o abastecimento do barco encarregado do trabalho, a taxa de derretimento do iceberg, as condições específicas do oceano – ventos, correntes marinhas, ondas, redemoinhos e por aí afora. Esses complicadores exigiram cerca de dois anos de Mougin e da equipe da Dassault Systèmes, mas o sucesso veio, enfim, no primeiro semestre deste ano. A partir de seus estudos para preparar as simulações tridimensionais, eles estabeleceram um roteiro para rebocar icebergs:
Um
iceberg têm mais de 80% da sua massa submersa. Apenas uma pequena parte
dele permanece acima da superfície. Na imagem, a baleia serve para a
comparação dos tamanhos.
2) O iceberg não pode ser muito grande nem muito pequeno. Também deve ser do tipo tabular (plano na parte de cima), que apresenta risco mínimo de fratura e é mais fácil de rebocar.
3) O iceberg escolhido deve receber ao seu redor uma espécie de cinto de geotêxtil (manta não tecida de filamentos de polipropileno), tensionado com o auxílio de uma série de estacas fixadas no gelo. Estendendo-se por seis metros acima do nível da água e por outros seis metros abaixo dela, o cinto defende o iceberg de ondas que podem corroê-lo.
Mougin, à direita, sobrevoa de helicóptero uma região da Groenlândia conhecida por ser grande produtora de icebergs
4) Ainda buscando preservar ao máximo o iceberg, ele deve ser envolvido por uma “saia” de geotêxtil. Mougin e a equipe da Dassault Systèmes calcularam que o ideal é que essa saia tenha 160 metros de altura, “vestindo” basicamente a parte submersa do iceberg. (Como a parte emersa representa apenas cerca de 10% do iceberg e tem grande capacidade de reflexão da luz solar, sua perda de gelo é pequena.) As correntes oceânicas aplainam a superfície do iceberg, o que torna pouco provável que a saia seja rasgada.
5) Sozinho, um rebocador nunca conseguiria puxar um iceberg. A estratégia de Mougin e seus colegas é facilitar a tarefa com o auxílio das correntes marinhas, de dados coletados por satélite e de previsões meteorológicas. Como lembrou Simard em uma entrevista, vistos pelas câmeras de um satélite, os oceanos parecem um “grande mapa de saliências e buracos”. Para ser bem-sucedido, o rebocador, tal qual um esquiador, teria de escolher bem sua trajetória diante desses obstáculos.
Na primeira tentativa de simulação com os dados básicos reunidos – um iceberg capturado na costa da Terra Nova (leste do Canadá) e destinado às Ilhas Canárias, na costa noroeste da África –, o rebocador ficou semanas num redemoinho e sua carga derreteu por completo. Mougin e seus colegas decidiram experimentar mudar em algumas semanas a data de início do transporte, e bastou essa alteração para tudo dar certo.
O sucesso fez a experiência ser transformada em um documentário, levado ao ar pela tevê francesa em maio de 2011. Animado com a repercussão obtida, Mougin pôs-se a trabalhar para concretizar esse sonho. O preço comentado – o transporte de um iceberg de 7 milhões de toneladas custaria cerca de US$ 10 milhões – pode viabilizar comercialmente a operação, sobretudo em regiões ricas e secas.
Os preparativos para rebocar um mini-iceberg por uma pequena distância já estão sendo tomados, e uma jornada completa de transporte poderá ocorrer ainda nos próximos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário