•
											
				
				
					• atualizado às 20h23 
				
			
		
Conferência do clima termina em Bonn com misto de otimismo e decepção
As
 negociações para um pacto climático global terminaram esta sexta-feira 
com delegados reivindicando progressos, embora uma contenda processual 
com a Rússia tenha bloqueado importantes partes dos trabalhos em Bonn.
 
Faltando apenas 900 dias para o fim do prazo para a 
assinatura do mais ambicioso acordo ambiental das Nações Unidas, em 
2015, as negociações na cidade alemã visavam a criar as bases para uma 
conferência em nível ministerial prevista para ocorrer em novembro em 
Varsóvia.
 
Previsto para entrar em vigor em 2020, o acordo 
vincularia pela primeira vez todos os países do mundo em torno de metas 
mensuráveis para conter as emissões de gases de efeito estufa, 
responsáveis pelo aquecimento global.
 
O acordo pretende evitar os efeitos mais catastróficos 
das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento - aumento das secas, 
inundações, tempestades e elevação do nível do mar - alcançando a meta 
de limitar o aquecimento global a 2ºC com relação a níveis 
pré-industriais.
 
Delegados e autoridades indicaram um clima positivo que os ajudou a explorar os vastos contornos de um acordo.
 
"Estamos animados com o progresso que têm sido alcançado
 aqui", disse a jornalistas Christiana Figueres, presidente da 
Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
 
Mas houve insatisfação com a objeção da Rússia que paralisou um dos três grupos de trabalho durante o encontro de 12 dias.
 
O Corpo Subsidiário de Implementação (SBI, na sigla em 
inglês) acabou jogando a toalha na terça-feira, depois de mais de uma 
semana de contendas sem avançar nos trabalhos.
 
Acusada de estabelecer políticas que comprometam os 
objetivos de conter o aquecimento global, a Rússia tinha insistido que a
 discussão sobre o procedimento fosse adicionada à agenda da SBI em 
Bonn.
 
Os russos foram apoiados pelos ucranianos e pelos 
bielo-russos. Moscou repudiou a forma como terminou, em dezembro, a 
última grande conferência sobre o clima, realizada em Doha, no Qatar, 
depois que o presidente aprovou um acordo, apesar das objeções dos 
russos.
 
"É um recuo lamentável, pois significa que nenhum 
trabalho formal foi feito", afirmou o delegado climático europeu, Jurgen
 Lefevere, a respeito do bloqueio russo. A Europa propôs uma pressão 
diplomática para convencer a Rússia a permitir a retomada do SBI em 
Varsóvia.
 
A SBI deveria iniciar uma discussão sobre um mecanismo 
global para compensar os países pelas perdas e danos provocados pelas 
mudanças climáticas, assim como esboçar o orçamento 2014-2015 do 
secretariado da UNFCCC.
 
Também deveria trabalhar em uma revisão sobre se a meta 
da ONU de 2ºC deveria ser baixada para 1,5ºC, mais seguro. "Perdemos 
discussões muito importantes que deveriam ter acontecido", disse Azeb 
Girmai, representando um grupo de países pouco desenvolvidos.
 
"Pessoas estão morrendo enquanto falamos; territórios e 
ilhas estão perdendo sua capacidade produtiva", acrescentou. Mas os 
delegados pareceram otimistas sobre as conversas exploratórias 
realizadas em um fórum mais amplo, o Grupo de Trabalho Ah Hoc sobre a 
Plataforma de Durban (ADP).
 
Segundo um comunicado da UNFCCC, "avanços concretos" 
foram feitos na direção de um novo pacto climático. "Apesar do impasse, 
esta foi uma sessão produtiva e as partes trabalharam juntas", afirmou o
 negociador irlandês David Walsh.
 
Figueres reforçou que continua sendo possível fechar o 
abismo entre os compromissos de governo para conter os gases de efeito 
estufa e os cortes atualmente necessários.
 
A Europa sugeriu um sistema híbrido combinando elementos
 de uma abordagem "de baixo para cima", favorecida pelos Estados Unidos,
 em que os próprios países determinam sua contribuição, e uma abordagem 
"de cima para baixo", que situaria as metas nacionais sob forte 
escrutínio.
 
Segundo a ideia europeia, os países determinariam seus 
próprios compromissos, mas estes seriam revistos por seus pares antes de
 serem firmados no âmbito do novo acordo vinculante.
 
O grupo ambientalista Greenpeace exigiu mais urgência. 
"Gostaríamos de ver um pouco da aceleração da crise (do clima) refletida
 nas negociações", disse a alta conselheira política do Greenpeace, Ruth
 Davis.
 
Isto incluiu países ricos pedindo dinheiro para ajudar 
nações em desenvolvimento a se adaptar aos impactos do clima provocados 
pelo aquecimento global causado pelo homem, disse Davis.
 
As negociações em Bonn ocorrem enquanto inundações 
castigavam parte da Europa Central, inclusive a Alemanha, país sede da 
conferência.
 
Figueres anunciou esta sexta-feira que o Peru abrigará 
as negociações em nível ministerial de 2014. Em 2015, será a vez da 
França.
 

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário