THE WALL STREET JOURNAL
Fraqueza do sol intriga cientistas
Nov. 12, 2013 12:02 a.m. ET
      
Está acontecendo algo com o sol.
Os
 cientistas dizem que a atividade solar atual é a mais estranha de um 
período de mais de um século, com o sol produzindo apenas metade do 
número de manchas solares esperado e seus polos magnéticos 
misteriosamente fora de sintonia.
O sol 
gera imensos campos magnéticos à medida que gira. As manchas solares — 
geralmente maiores em diâmetro do que a Terra — sinalizam áreas de 
intensa força magnética que provocam tempestades solares disruptivas. 
Essas tempestades podem abruptamente arremessar partículas carregadas de
 eletricidade por milhões de quilômetros até a Terra, onde elas podem 
provocar curtos circuitos em satélites, enfraquecer sinais de telefonia 
celular ou danificar sistemas elétricos.
Com
 base em registros históricos, os astrônomos dizem que o sol deve se 
aproximar nos próximos meses do explosivo clímax do seu ciclo de 
atividade, que tem aproximadamente 11 anos e é chamado de máximo solar. 
Mas esse pico de agora é "um raquítico", diz Jonathan Cirtain, um 
cientista da Nasa, a agência especial americana, envolvido no projeto do
 satélite japonês Hinode, que mapeia os campos magnéticos do sol.
"Eu
 diria que ele é o mais fraco dos últimos 200 anos", disse David 
Hathaway, chefe do grupo de física solar do Centro de Voos Espaciais 
Marshall, que também pertence à Nasa e fica em Huntsville, Alabama.
Os
 pesquisadores estão intrigados. Eles não têm condições de dizer se a 
calmaria é temporária ou o início de longas décadas de declínio, o que 
poderia aliviar um pouco o aquecimento global com a alteração do brilho 
do sol ou do comprimento de onda da sua luz.
"Não
 há nenhum cientista vivo que tenha visto um ciclo solar fraco como 
este", diz Andrés Munoz-Jaramillo, que estuda o ciclo solar magnético no
 Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, de Cambridge, Massachusetts.
Para complicar ainda mais, o sol está passando também por uma das mais estranhas conversões magnéticas já registradas.
Normalmente, os polos sul e norte 
magnético do sol invertem a polaridade mais ou menos a cada 11 anos. 
Durante a reversão, os campos magnéticos nos polos do sol enfraquecem, 
caem a zero, e então aumentam novamente com a polaridade inversa. Até 
onde os cientistas sabem, essa variação magnética só é importante porque
 sinaliza o pico do máximo solar, diz Douglas Biesecker, do Centro de 
Ambiente Espacial da Nasa.
Mas, neste 
ciclo, os polos magnéticos do sol estão fora de sincronia, dizem os 
cientistas solares. O polo norte magnético do sol reverteu sua 
polaridade há mais de um ano, e está assim com a mesma polaridade que o 
polo sul.
"O intervalo entre as duas 
reversões não costuma ser longo", diz o físico solar Karel Schrijver, do
 Centro de Tecnologia Avançada da 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
    
        Lockheed Martin,
      
       
        
          LMT +1.49%
        
        
        
      
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
       em Palo Alto, Califórnia. 
Os 
cientistas dizem estar perplexos, mas não preocupados, com esse atraso 
incomum. Eles esperam que o polo sul do sol mude sua polaridade no 
próximo mês, com base em medições atuais de satélites das alterações dos
 campos magnéticos.
Ao mesmo tempo, os 
cientistas não podem explicar a escassez das manchas solares. Embora 
ainda turbulento, o sol parece fraco em comparação com seu pico de 
potência nas décadas passadas. "Não é só que há menos manchas solares, 
mas elas são manchas solares menos ativas", diz Schrijver.
O
 sol, porém, não está ocioso. Após meses de quietude, ele liberou no 
espaço grandes fluxos de partículas carregadas cinco vezes em outubro. E
 ele se agitou novamente na semana passada. Mesmo assim, essas explosões
 tiveram apenas uma fração da força de máximos solares anteriores.
Em
 comparação, uma tempestade solar em 2003, perto do pico do último 
máximo solar, foi a maior da Era Espacial. Apesar de ela ter em grande 
parte se desviado da Terra, a tempestade desativou um satélite japonês, 
fez com que os astronautas tivessem de voltar para bordo da Estação 
Espacial Internacional para se protegerem da radiação, interrompeu 
operações de perfuração de petróleo e gás no Alasca, mexeu com os 
sistemas de GPS e obrigou o Departamento de Defesa americano a cancelar 
manobras militares.
À medida que o ciclo
 solar enfraquecer nos próximos anos como parte do seu ciclo normal, 
rajadas de partículas carregadas devem se tornar ainda menos frequentes.
 Entre outras coisas, a atmosfera vai esfriar e se contrair, o que pode 
estender a vida útil dos satélites ao diminuir a pressão sobre eles.
"Isso
 deixa todos os operadores comerciais de satélites felizes", disse Todd 
Hoeksema, do Observatório Solar Wilcox, na Universidade de Stanford. "E 
os astronautas ficam felizes quando não há radiação."
Vários
 cientistas solares especularam que o sol pode estar voltando para um 
estado mais calmo depois de uma era incomum de grande atividade que 
começou nos anos 40.
"Mais da metade dos
 físicos solares diriam que estamos voltando ao normal", diz o físico 
Mark Miesch, do observatório HAO, em Boulder, no Colorado, que estuda a 
dinâmica interna das estrelas. "Poderíamos estar passando por um longo 
estado de atividade reprimida."
Se for isso, a queda da atividade 
magnética poderia aliviar o aquecimento global, segundo os cientistas. 
Mas essa mudança sutil no sol — que reduziria sua luminosidade em cerca 
de 0,1% — não seria suficiente para compensar o acúmulo de gases de 
efeito estufa e fuligem que a maioria dos pesquisadores considera a 
principal causa do aumento das temperaturas globais ao longo dos últimos
 cem anos.
"Isso pode nos dar uma breve trégua com relação ao aquecimento global", diz Hathaway. "Mas isso não irá brecá-lo.FONTE:
http://online.wsj.com/news/articles/SB10001424052702303460004579192292640388818?mg=reno64-wsj&url=http%3A%2F%2Fonline.wsj.com%2Farticle%2FSB10001424052702303460004579192292640388818.html
 
 
 
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