Império Romano aumentou concentração de gases do efeito estufa na atmosfera
Análise de gelo da Groenlândia mostrou que antes mesmo da Revolução Industrial ação do homem já alterava clima
Pesquisadores descobriram que um significativo montante de gás metano já era emitido na atmosfera antes mesmo da Revolução Industrial. A partir da análise de camadas de gelo na Groenlândia, foi observado que durante período de 200 anos, que cobre o auge do Império Romano e da dinastia Han, na China, houve grande aumento na emissão dos gases do efeito estufa. O estudo contesta a visão da ONU de que a mudança climática provocada pelo homem começou apenas por volta de 1800.
Um registro da atmosfera presa no gelo da Groenlândia indicou que o nível de metano subiu há cerca de 2 mil anos e permaneceu nesse nível mais alto por cerca de dois séculos.
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O metano provavelmente foi liberado durante o desmatamento para liberar terra para agricultura e pelo uso do carvão como combustível, por exemplo para fundir metal a fim de fazer armas, disse a autora principal do estudo, Celia Sapart, da Universidade Utrecht, na Holanda.
"Eles já emitiam bastante per capita no Império Romano e durante a dinastia Han", disse a pesquisadora sobre os achados de uma equipe internacional de cientistas na edição de quinta-feira da revista Nature.
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Os índices de desmatamento "apresentam uma redução por volta de 200 d.C., que está relacionada ao declínio drástico da população na China e na Europa seguindo-se à queda da dinastia Han e ao declínio do Império Romano", escreveram os cientistas.
As emissões provocadas pelo homem há 2 mil anos, quando a população mundial era estimada em 300 milhões, eram perceptíveis, mas minúsculas, quando comparadas com os níveis atuais causados por uma população de 7 bilhões.
Sapart estimou que as emissões de metano até 1800 foram cerca de 10% do total dos últimos 2 mil anos, enquanto 90% ocorreram depois da Revolução Industrial.
O metano é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, uma das causas do aquecimento global. O gás ajuda a reter na atmosfera parte da radiação solar refletida pela superfície da Terra. Em comparação com o dióxido de carbono, o metano tem 23 vezes mais potencial de criar o aquecimento global, porém, atualmente está em menor concentração na atmosfera que o dióxido de carbono.
O metano é gerado por fontes humanas, incluindo a queima de florestas e de combustíveis fósseis, plantações de arroz, pecuária ou aterros sanitários. Entre as fontes naturais, estão os pântanos, os incêndios florestais e os vulcões.
As descobertas do grupo de Sapart questionam a posição de um painel da ONU de cientistas do clima, segundo a qual a mudança climática provocada pelo homem começou na esteira do uso de combustíveis fósseis durante a Revolução Industrial.
"A era pré-industrial não foi uma época natural para o clima -- ele já era influenciado pela atividade humana", afirmou ela. "Quando fazemos predições climáticas para o futuro, temos de pensar sobre o que é natural e sobre o que acrescentamos. Temos de definir o que de fato é natural", afirmou.
Os cientistas, localizados na Holanda, na Suíça, na Dinamarca, nos Estados Unidos e na França -- observaram um segundo aumento no metano na Idade Média, coincidindo com um período quente registrado entre 800 e 1200, que também observou a economia da Europa sair da Idade das Trevas
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