Imagem em tempo real da região do El Niño. A temperatura refere-se ao topo das nuvens mais altas convectivas, ou seja, cumulonimbus.
Temperaturas do oceano neste momento na região do El Niño.
Gráfico atual, mostra a diferença de temperatura em relação a média na região do El Niño. Portanto, zero é igual a média.
27/03/2014 16h20
El Niño pode ajudar reservatórios de hidrelétricas
Wikimedia Commons
As indicações de que o fenômeno climático El Niño
poderá ocorrer no próximo período úmido 2014/2015 são positivas para os
reservatórios das hidrelétricas no Sul do Brasil, já que tende a
provocar mais chuvas que o normal nessa região, enquanto que a situação
para o Sudeste tende a ser de irregularidade tendendo à melhora.
Atualmente, há cerca de 60 a 70 por cento de chances de que o
fenômeno ocorra neste ano, trazendo muita chuva no Sul e pouca no
Nordeste, segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento.
"Em se tratando de Sudeste, a situação deve ser não extremamente ruim
como foi o último ano, mas ainda irregular", disse ele nesta
quinta-feira.
Em geral, o El Niño causa muita chuva no Sul, chuva de menos no
Nordeste e calor acima da média no Sudeste, com irregularidade no regime
de chuvas dessa região, segundo Nascimento.
Entretanto, a ocorrência de um El Niño pode significar período úmido
menos pior em regime de chuvas para o Sudeste em relação ao período
atual. Isso porque, em alguns momentos, a forte chuva esperada para o
Sul poderia até chegar a parte do Sudeste, colaborando para bacias do
rio Grande e Paranaíba.
"Se realmente o El Niño se concretizar, podemos ter um período úmido
2014/2015 muito melhor que os últimos três anos. Mas ainda não é chuva
suficiente para reverter a situação (dos reservatórios do Sudeste)",
disse.
A possibilidade de mais chuva no próximo período úmido seria muito
importante para os reservatórios da região Sudeste do Brasil, que passam
pelo segundo período úmido com níveis baixos históricos, ajudando
também a garantir fornecimento de energia ao país em 2015.
O El Niño tende a começar a se configurar na virada para o segundo
semestre, estando formado quando entrar o próximo período úmido, no
final do ano. A ocorrência do fenômeno ainda não é totalmente certa.
Durante a estação seca deste ano no Sudeste, no entanto, não deve
haver mais chuva que o normal, sendo que a tendência é de que fique
entre normal a abaixo da média.
Nível no Sudeste cai em período úmido
Desde o período úmido 2012/2013, o fraco regime de chuvas na região
Sudeste levou ao acionamento de forte geração termelétrica, refletindo
em altos preços de energia e temores quanto a racionamento e apagões.
Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro Oeste do país
estão a 35,97 por cento de armazenamento atualmente, nível muito baixo
para esse período do ano, já que resta apenas um mês de período úmido
para seu enchimento antes da entrada do período seco.
No ano do racionamento de energia, em 2001, os reservatórios dessa
região fecharam março a 34,53 por cento de nível de armazenamento. O
nível atual é superior a este, mas analistas de bancos e consultores do
setor elétrico já estimam altos riscos de racionamento de energia neste
ano.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS),
Hermes Chipp, informou em fevereiro que os níveis dos reservatórios do
Sudeste precisam estar em cerca de 43 por cento ao final de abril para
garantir o fornecimento de energia do país ao longo do período seco.
Para que isso ocorra, o nível dos reservatórios até o fim do próximo mês
no Sudeste/Centro-Oeste teria que subir cerca de 7 pontos percentuais.
Do final do ano passado até agora, período em que as chuvas tendem a
ser mais intensas, o nível dos reservatórios dessa região caíra mais de 7
pontos percentuais.
O ONS divulga na sexta-feira os dados de previsão de chuvas e afluências em abril.
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SÃO PAULO, 25 Mar (Reuters) - O fenômeno climático El Niño pode
causar novos problemas para as safras de cana-de-açúcar, café e laranja
do Brasil, já prejudicadas pela seca, mas iria criar o clima perfeito
para as próximas colheitas de soja e milho.
Os modelos climáticos mostram que as temperaturas da superfície do
oceano Pacífico estão subindo, e é cada vez maior a probabilidade de
isso resultar nos próximos meses no fenômeno El Niño, que ocorreria pela
primeira vez desde 2009.
No passado, o fenômeno trouxe chuva forte em partes da Argentina e
regiões ao sul do Brasil, afetadas pelo clima quente e seco no início
deste ano.
"Seria por volta de junho o início do El Niño, ou pelo menos
temperaturas maiores do que a média em todo o Pacífico equatorial",
disse Franco Villela, meteorologista do Instituto Nacional de
Meteorologia do Brasil (Inmet).
Embora a formação do El Niño não seja uma certeza, as empresas e os
analistas já estão atentos ao seu potencial impacto sobre o Brasil, uma
superpotência agrícola --o maior exportador de açúcar, café e soja.
"Inicialmente era uma possibilidade, mas agora alguns meteorologistas
já estão dizendo que há uma chance de 75 por cento de que o El Niño
possa retornar", disse Stefan Uhlenbrock, analista de commodities sênior
da F.O. Licht, em um evento em São Paulo na segunda-feira.
Para a área do centro-sul do Brasil, principal produtora de cana, o
clima úmido no final da estação de moagem reduziria o teor de açúcar na
cana, disse ele.
Maior produtora de açúcar e etanol do mundo, a Raízen também disse na
semana passada que a chuva do El Niño seria um risco significativo para
a colheita da cana.
"Para cana, café e citricultura, é o pior cenário possível", disse o
agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar Meteorologia,
acrescentando que a qualidade, bem como os trabalhos de colheita seriam
afetados.
Ainda assim, chuvas "ininterruptas" provocadas pelo El Niño em junho
ou julho não seriam de todo ruins para a agricultura no Brasil, e são
realmente o ideal para a soja e o milho, disse ele.
Analistas da Thomson Reuters Lanworth em Chicago também afirmaram que
as condições do El Niño, de maior precipitação na Argentina e em
regiões ao sul do Brasil, durante o final da primavera da América do Sul
e o início do verão, "geralmente resultam em perspectivas favoráveis
de rendimento para a próxima temporada".
O Brasil está saindo agora do que foi o verão mais quente e mais seco
já registrado no Sudeste, região densamente povoada, o que provocou o
temor de racionamento de água e de energia em um país onde a maioria da
eletricidade vem de hidrelétricas.
A seca provavelmente reduziu em 11 por cento a atual safra de café,
de acordo com uma pesquisa da Reuters com analistas, e eliminou 25
milhões de toneladas de cana-de-açúcar, de acordo com a F.O. Licht.
As condições climáticas devem ser normal ao longo dos próximos três
meses do outono na América do Sul, antes de quaisquer possíveis efeitos
do El Niño, disse Villela. É possível que ocorra geada no Sul no próximo
mês e é esperada precipitação moderada.
"Mesmo com a previsão de chuva normal, não vai ser suficiente para reverter as perdas que vimos durante o verão", disse ele.
GENEBRA - A
temperatura global continuou aumentando em 2013, com mais secas e ondas
de calor. A Organização Mundial de Meteorologia (OMM), agência
especializada da Organização das Nações Unidos (ONU), anunciou nesta
segunda-feira que o ano passado foi, a exemplo do que aconteceu em 2007,
o sexto mais quente desde 1850.