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Cientistas explicam gelo na Antártida mesmo com aquecimento global
O fenômeno está ligado ao aumento de temperatura no Atlântico, que provoca transformações no Polo Sul, afirma estudo publicado na revista Nature
Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicação: 23/01/2014 07:47 Atualização:
No extremo Norte, blocos gelados boiando à deriva são o retrato de um planeta cada vez mais quente. Nem os céticos podem negar que o Ártico está derretendo. Porém, o polo oposto, o Sul, parece contradizer a tese de que a Terra ferve. O recente encalhe de dois navios — incluindo um quebra-gelo — na Antártida, em pleno verão, é exemplo de um fenômeno ainda pouco compreendido, considerado por cientistas um dos paradoxos das mudanças climáticas. Apesar de, em todo o mundo, os termômetros registrarem temperaturas cada vez mais altas, ali, as camadas de gelo aumentaram nas três últimas décadas. Um personagem inesperado estaria por trás dessas ocorrências, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature: o oceano Atlântico.
Cientistas explicam gelo na Antártida mesmo com aquecimento global
O fenômeno está ligado ao aumento de temperatura no Atlântico, que provoca transformações no Polo Sul, afirma estudo publicado na revista Nature
Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicação: 23/01/2014 07:47 Atualização:
Superfície gelada da Antártida: crescimento de 100 mil quilômetros quadrados por década desde os anos 1970. Foto: Xichen Li/Divulgação |
No extremo Norte, blocos gelados boiando à deriva são o retrato de um planeta cada vez mais quente. Nem os céticos podem negar que o Ártico está derretendo. Porém, o polo oposto, o Sul, parece contradizer a tese de que a Terra ferve. O recente encalhe de dois navios — incluindo um quebra-gelo — na Antártida, em pleno verão, é exemplo de um fenômeno ainda pouco compreendido, considerado por cientistas um dos paradoxos das mudanças climáticas. Apesar de, em todo o mundo, os termômetros registrarem temperaturas cada vez mais altas, ali, as camadas de gelo aumentaram nas três últimas décadas. Um personagem inesperado estaria por trás dessas ocorrências, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature: o oceano Atlântico.
O
engrossamento da cobertura de gelo na Antártida tem sido, em média, de
1cm a cada 10 anos. Parece pouco, mas o suficiente para provocar
alterações ambientais dramáticas. Ao mesmo tempo, quem se recusa a
acreditar que o clima do planeta está mudando vê no Polo Sul a melhor
prova disso. Contudo, os cientistas alertam que os fenômenos ocorridos
nessa extremidade da Terra têm consequências tão graves quanto o
derretimento do Ártico. Os rearranjos na paisagem antártica não se
resumem ao espessamento do mar gelado, um elemento central para o clima
da Terra, pois reflete o calor do Sol e fornece o hábitat adequado para a
vida marinha. A água congelada também está se expandindo. No inverno,
chega a cobrir uma área equivalente a duas Europas. Imagens de satélite
indicam que, desde 1970, o avanço tem sido de 100 mil quilômetros
quadrados por década.
Depois de analisar dados
atmosféricos dos últimos 30 anos, cientistas da Universidade de Nova
York (EUA) concluíram que o Atlântico está por trás de um dos mais
complexos fenômenos de clima do planeta. O aquecimento das porções norte
e tropical desse oceano contribuiu para as alterações da península. De
acordo com Xichen Li, principal autor do estudo, essa é uma evidência de
que os sistemas climáticos estão interligados, com relações de causa e
consequência, não importa o quão distantes dois pontos estejam. “Ao
aquecer uma região, o efeito pode ser sentido muito mais além do que
poderíamos imaginar”, observa. Xichen lembra que já se sabia que o
Oceano Pacífico influenciava o clima da Antártida, mas gerando efeitos
de curta duração, como o El Niño. Os dados analisados pelos
pesquisadores de Nova York indicam que, diferentemente, a influência do
Atlântico é permanente e cumulativa.
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