23/11/2012 - 13:30
Clima: 190 países em Doha para lançar ato II do Protocolo de Kyoto
AFP
Confrontados com os sinais crescentes do
aquecimento global e os apelos urgentes para a ação, cerca de 190
países vão se reunir na segunda-feira em Doha para avançar nas difíceis
negociações para salvar o clima e lançar o Ato II do Protocolo de Kyoto.'É necessário oferecer uma resposta mais rápida às mudanças climáticas, e isso é possível', declarou a diretora para o clima na ONU, Christiana Figueres, poucos dias antes da grande reunião de cúpula anual.
'Em Doha, temos de garantir que vamos passar para o próximo nível', prosseguiu.
A conferência acontecerá de 26 novembro a 7 de dezembro. No dia 4, os negociadores serão acompanhados por mais de 100 ministros que devem chegar a um acordo, o próximo passo no árduo processo de negociações da ONU lançado em 1995.
Os alertas se multiplicaram nos últimos dias: o Banco Mundial advertiu para os risco de um aquecimento de 4 graus até 2060 e 'a cascata de tragédias' que devem atingir os países pobres.
A quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera (GEE) atingiu um novo pico em 2011, e a ONU alertou que os esforços da comunidade internacional para conter o aquecimento global em 2 graus estão ainda mais longe de serem suficientes.
O objetivo de 2 graus fixado pela comunidade internacional é o máximo, segundo os cientistas, para evitar que o sistema climático dispare, com efeitos que acelerariam fortemente o aquecimento.
Uma das grandes questões a ser discutida em Doha será o Ato II do Protocolo de Kyoto, o único instrumento legalmente vinculante que compromete os países industrializados, com a notável exceção dos Estados Unidos, que nunca ratificaram, a reduzir as emissões de GEE.
Decisão simbólica 'O princípio de uma segunda fase de compromisso após 2012 foi acordada em Durban', ultima cúpula da ONU sobre o clima no final de 2011, e 'atualmente, é preciso avançar' sobre a duração do Quioto 2, os objetivos traçados..., resumiu à AFP um negociador europeu.á
É principalmente uma decisão simbólica. Com a retirada do Canadá, Japão e Rússia, Kyioto 2 deve ser assinado apenas pela União Europeia e a Austrália, o que representa 15% das emissões globais de gases de efeito estufa.
'É um instrumento que não vai mudar grandes coisas no mundo real, mas sua extensão é importante para combater as dinâmicas, ainda muito pobres, de desconfianças dos países do sul ante os do norte', diz o negociador.
Um acordo global e mais ambicioso, desta vez envolvendo todos os países, inclusive os dois maiores poluidores do mundo, a China e Estados Unidos, deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em 2020.
As discussões sobre a forma legal deste acordo e a repartição 'igualitária' dos esforços devem iniciar em Doha.á
Mas os países do sul, e principalmente as pequenas ilhas, especialmente vulneráveis à elevação do nível do mar, não querem esperar mais oito anos para assumir compromissos mais firmes.
'É absolutamente essencial. O tempo claramente não está do nosso lado', declarou à AFP a representante da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), Marlene Moisés.
'Eu espero que a trágica experiência do furacão Sandy, por exemplo, leve os países mais relutantes para estas negociações para que se envolvam neste esforço', acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu agir rapidamente para 'ver o que podemos fazer em curto prazo para reduzir as emissões de carbono'.
Mas a composição do Congresso sugere pouco espaço de manobra para medidas drásticas sobre esta questão.
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