08/11/2012 07h00 - Atualizado em 08/11/2012 12h49
Mudança do clima pode afetar habitat do café da espécie arábica, diz estudo
Áreas onde planta nasce naturalmente ficariam impróprias em até 70 anos.
Pesquisa foi divulgada na publicação científica 'PLoS ONE'.
Segundo a pesquisa, áreas na natureza onde hojem crescem livremente plantas desta espécie (sem a influência da agricultura) podem ficar impróprias até 2080 devido à ausência de condições climáticas suficientes para o crescimento do café.
A elevação da temperatura global, consequência do aumento de emissões de gases causadores do efeito estufa (como o CO2), seria a principal causa. Os dados foram apontados por pesquisadores do Jardim Botânico Real, de Londres, em conjunto com cientistas da Etiópia, um dos principais habitats de café arábico.
O arábica selvagem é considerado importante para a sustentabilidade da indústria do café devido à sua grande diversidade genética, conforme o estudo.
Os especialistas desenvolveram três cenários que apresentam alta das emissões de gases estufa. As projeções foram feitas para paisagens da Etiópia e do Sudão do Sul nos anos de 2020, 2050 e 2080.
Segundo o estudo, nos períodos analisados podem ocorrer uma redução entre 38% e 99% da quantidade de áreas favoráveis para o desenvolvimento do café arábica. O cenário de perda mais crítico está previsto para 2080. De acordo com os cientistas, tal índice elevaria o risco de extinção do grão na natureza.
Os cientistas avaliaram apenas a sobrevivência do café arábica mediante os efeitos da mudança climática, sem levar em conta o impacto na qualidade ou produtividade da bebida (que também pode sofrer influência do fenômeno).
Aquecimento global pode prejudicar habitat original do café da espécie arábica (Foto: Divulgação/Seag)
Espécie arábica é predominante no BrasilApesar do Brasil não ser habitat natural desta espécie de café, o país produziu 36,82 milhões sacas de grão arábica na safra de 2011, segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este total corresponde a 76% da safra do país no ano passado.
Por ser considerado o quarto maior produtor mundial desta commodity (segundo informações da Associação Brasileira da Indústria de Café, a Abic), existe a preocupação de cientistas e do setor agrícola em conhecer melhor possíveis impactos das alterações climáticas no café cultivado no país.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deve colher resultados em 2013 de um experimento conhecido como Face (sigla para "Free Air Carbon Dioxide Enrichment"), que “bombardeia” cafezais com CO2. Isto possibilitará saber como o café brasileiro pode ser afetado pela alteração do clima.
Ao menos 135 especialistas vão analisar o efeito desta concentração sobre os grãos, se há aumento da densidade de pragas e doenças que possam prejudicar o sabor da bebida. O estudo tem investimentos de R$ 2 milhões, parte proveniente do governo federal.
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