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• atualizado às 17h14
Calor liberado por oceanos pode agravar efeito estufa, diz estudo
Pesquisadores dizem que o aquecimento global foi reduzido pelos mares, mas a liberação do calor absorvido pode acirrar mudanças no clima.
Os efeitos da mudança climática podem se intensificar
rapidamente se grandes quantidades de calor absorvidas pelos oceanos
forem liberadas de volta para a atmosfera, afirmaram cientistas, depois
de apresentarem uma nova pesquisa, apontando que os oceanos têm ajudado a
mitigar os efeitos do aquecimento global desde o ano 2000.
Gases de efeito estufa vêm sendo emitidos para a
atmosfera em ritmo cada vez mais rápido. E os dez anos mais quentes
desde que os registros de temperatura começaram a ser realizados
ocorreram todos de 1998 em diante. Mas a taxa na qual a superfície da
Terra está se aquecendo diminuiu um pouco desde o ano 2000, levando os
cientistas a procurarem uma explicação para o fenômeno.
Especialistas de França e Espanha afirmaram no domingo
que os oceanos absorveram mais calor da atmosfera em torno do ano 2000.
Isso ajudaria explicar a desaceleração do aquecimento global, ao mesmo
tempo que sugere que a pausa pode ser apenas temporária.
"A maior parte desse excesso de energia foi absorvida na
camada submarina que vai até os 700 metros de profundidade na fase
inicial desta pausa de aquecimento, 65% tendo sido absorvidos nas
regiões tropicais dos oceanos Pacífico e Atlântico", escreveram os
pesquisadores na revista Nature Climate Change.
A chefe da equipe de pesquisa, Virginie Guemas, do
Instituto Catalão de Ciências de Clima, disse que o calor absorvido pode
voltar à atmosfera na próxima década, acelerando novamente o
aquecimento do planeta. "Se depender apenas das variações naturais, a
taxa de aquecimento logo poderá aumentar", alertou.
Caroline Katsman, do Instituto Real de Meteorologia da
Holanda, especialista que não esteve envolvida no estudo, afirmou que o
calor absorvido pelo oceano vai voltar para a atmosfera como parte dos
ciclos dos oceanos, como os fenômenos de aquecimento e de resfriamento
do Pacífico, respectivamente chamados de "El Niño" e "La Niña".
Implicações econômicas
Ela ressalta que o estudo confirmou pesquisas anteriores
realizadas por seu instituto, mas que é improvável que seja a única
explicação para a pausa do aquecimento, já que só se aplica ao período
inicial da desaceleração, em torno do ano 2000.
O ritmo da mudança climática tem grandes implicações
econômicas, já que quase 200 Estados concordaram em 2010 em limitar o
aquecendo global para menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais,
principalmente através de medidas para limitar a queima de combustíveis
fósseis. As temperaturas já subiram 0,8ºC. Dois graus já são amplamente
reconhecidos como um limite que poderá causar mudanças perigosas,como
mais secas, deslizamentos de terra, inundações e elevação dos mares.
Alguns governos e os céticos do clima argumentam que a
desaceleração da tendência de aquecimento é uma prova de que há menos
urgência em agir. Os governos concordaram em cooperar para fechar até o
final de 2015 um acordo global para combater as mudanças climáticas.
O ano passado foi o nono mais quente desde que os
registros começaram, em 1850, de acordo com a Organização Meteorológica
Mundial da ONU, e 2010 foi o mais quente, à frente de 1998. Fora 1998,
os dez anos mais quentes ocorreram todos a partir de 2000.
O estudo, baseado em observações e modelos de
computador, demonstrou que os eventos climáticos naturais do fenômeno
"La Niña" no Pacífico por volta do ano 2000 levaram águas frias à
superfície que absorveram mais o calor do ar. Num outro conjunto de
variações naturais, o Atlântico também absorveu mais calor.
Turbulências
Outra pesquisa, realizada por cientistas britânicos,
indica que as alterações do clima poderão provocar um aumento de
turbulências em viagens transatlânticas. Segundo escrevem Paul Williams
(University of Reading) e Manoj Joshi (University of East Anglia), na
edição online da revista Nature Climate Change, a partir de
meados deste século pode aumentar a ocorrência das chamadas
"turbulências de ar claro", ou seja, aquelas que ocorrem em um céu sem
nuvens. Ao contrário das ocorridas perto de zonas atingidas por
tempestades, tais turbulências são muito difíceis de serem previstas.
Elas são causadas por correntes opostas de vento, através das quais até
aviões de grande porte podem ser puxados abruptamente para cima ou para
baixo.
Em sua análise, os pesquisadores se limitaram à zona de
voo sobre a metade norte do Atlântico Norte nos meses de inverno de
dezembro a fevereiro. Usando simulações de modelos climáticos, eles
calcularam que a ocorrência de turbulências na região poderá aumentar de
40% a 170% nos próximos 40 anos. Além de poderem se tornar de 10% a 40%
mais fortes. Como consequência, empresas aéreas podem ser obrigadas a
planejar novas rotas para seus voos, aumentando o consumo de
combustíveis e a duração das viagens.
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