16/04/2013 11h33
- Atualizado em
16/04/2013 11h33
Cientistas debatem teoria sobre desaceleração do aquecimento global
Leve redução no ritmo de aumento da temperatura causa especulação.
Painel de especialistas da ONU deve apresentar parecer em relatório.
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Cientistas estão em dificuldades para explicar uma desaceleração do
aquecimento global que expôs lacunas no seu conhecimento, e buscam
entender as causas para determinar se esse alívio será breve ou se o
fenômeno é duradouro.A maioria dos modelos climáticos, geralmente focados em tendências que duram séculos, foi incapaz de prever que a elevação das temperaturas iria se desacelerar a partir do ano 2000, aproximadamente.
Isso é crucial para o planejamento em curto e médio prazo de governos e empresas em setores tão díspares quanto energia, construção, agricultura e seguros. Muitos cientistas preveem um novo aumento do aquecimento nos próximos anos.
Uma das teorias para explicar essa pausa diz que os oceanos teriam absorvido mais calor pelo fato de sua superfície ficar mais fria do que se esperava. Outras especulam que a poluição industrial da Ásia ou nuvens estariam bloqueando o calor do sol, ou então que os gases do efeito estufa retêm menos calor do que se acreditava.
Fábrica lança fumaça de queima de carvão em Pequim na China, em 14 de janeiro (Foto: David Gray/Reuters)
DebateA mudança pode também decorrer de um declínio já observado na presença de vapor de água (que absorve calor) na alta atmosfera, por razões desconhecidas. Os cientistas dizem que pode estar ocorrendo uma combinação de vários fatores, ou variações naturais ainda desconhecidas.
O fraco crescimento econômico mundial e a redução na tendência de aquecimento global estão afetando a disposição dos governos para fazerem uma rápida transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, o que exige bilhões de dólares. Quase 200 governos já concordaram em definir até 2015 um plano para combater o aquecimento global.
"O sistema climático não é tão simples quanto as pessoas acham", disse o estatístico dinamarquês Bjon Lomborg, autor do livro "O Ambientalista Cético". Ele estima que um aquecimento moderado seria benéfico para as lavouras e para a saúde humana.
O químico sueco Svante Arrhenius mostrou pela primeira vez na década de 1890 como as emissões de dióxido de carbono a partir do carvão, por exemplo, prendem o calor na atmosfera. Muitos dos efeitos exatos ainda são desconhecidos.
Em busca de explicações
As emissões de gases do efeito estufa atingiram níveis recordes repetidamente com um crescimento anual de cerca de 3% na maior parte da década até 2010, em parte alimentada por aumentos na China e na Índia. Emissões mundiais foram 75% maiores em 2010 do que em 1970, segundo dados da ONU.
Um rápido aumento das temperaturas globais nos anos 1980 e 1990 --quando as leis de ar limpo em países desenvolvidos reduziram a poluição e deixaram o sol mais forte na superfície da Terra-- serviu como um argumento convincente de que as emissões de gases do efeito estufa eram culpadas pelo aquecimento.
O painel de especialistas sobre clima da ONU, chamado de IPCC, vai procurar explicar a pausa atual no aquecimento em um relatório que será divulgado em três partes a partir de final de 2013, com o objetivo de servir como um roteiro científico principal para os governos na mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a energia solar ou eólica.
Aquecimento global poderá voltar em 2020?
Com informações da New Scientist - 17/04/2013
Será que o aquecimento global parou?
A tendência de aumento da temperatura global foi interrompida nos últimos anos.
Modeladores do clima disseram durante uma reunião científica na semana passada que isso equivale a um "soluço nos dados" causado pela variabilidade natural.
Em janeiro deste ano, os cientistas revisaram para baixo suas previsões do aquecimento global, depois de admitir que o aquecimento global era mais suave do que haviam previsto.
Os climatologistas argumentam, para defender os modelos ainda ineficientes, que um deles teria feito uma previsão correta em 1999 em relação ao inesperado "desaquecimento global" que tem marcado a última década - embora as temperaturas precisem começar a subir novamente muito em breve para que essa previsão continue com a razão. Senão, todas as previsões terão falhado.
O fato é que o assunto foi mascarado pelos cientistas durante os últimos anos com seguidos anúncios do tipo "segundo ano mais quente", "terceiro ano mais quente" ... "décimo ano mais quente", numa tentativa sorrateira de transmitir uma falsidade sem dizer uma mentira - cada ano era mais frio do que o anterior, mas os anúncios sempre ressaltavam o aquecimento.
A falta de uma explicação mais razoável para essa reversão do aquecimento global, por momentânea que seja, está incomodando muitos.
A revista britânica New Scientist, por exemplo, publicou um artigo cobrando dos cientistas explicações e teorias melhores para costurar as previsões do tempo - de curto prazo - com as previsões do clima - de longo prazo.
A causa mais provável da reversão recente do aquecimento, respondem os cientistas, está na variação de fluxos de calor entre os oceanos e a atmosfera.
Se assim for, as temperaturas podem subir novamente em torno de 2020, conforme o ciclo natural se combine com o efeito estufa para causar uma nova onda de aquecimento.
Embora se saiba que modelar o clima nessas escalas é algo muito complicado, a revista lembra que a lacuna entre as previsões de curto prazo do tempo e as previsões de longo alcance sobre as mudanças climáticas gera incerteza nas projeções e abre espaço para questionamentos que soam muito válidos.
Como exemplo principal desses argumentos está o de que o aquecimento global é atribuído aos gases de efeito estufa gerados pela ação humana, mas o resfriamento que os dados estão mostrando agora é explicado como sendo culpa de ciclos naturais.
Esse argumento pode até ser injusto, diz a New Scientist, mas é um argumento que deve ser levado a sério.
Da próxima vez que nos depararmos com um episódio temporário, seria melhor que os cientistas fossem capazes de explicá-lo de maneira fundamentada, e não apenas dizer que é um "soluço" esporádico, conclui a reportagem.
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