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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

MUDANÇAS CLIMÁTICAS RADICAIS


Efeitos mais graves da mudança climática serão sentidos primeiro nos trópicos


Os efeitos mais graves da mudança climática serão percebidos antes nas regiões tropicais do planeta na metade deste século, aponta um estudo publicado na edição mais recente da revista "Nature".
Uma equipe liderada pelo biólogo colombiano Camilo Mora, da Universidade do Havaí, reuniu dados de 39 modelos teóricos para determinar que dentro de cerca de quatro décadas o clima dos trópicos romperá com os patrões seguidos desde 1860.
"Quando falamos de mudança climática nos vêm à mente imagens de gelo derretendo, mas as mudanças mais graves no clima acontecerão antes em outras latitudes. Serão os trópicos, e não os pólos, que experimentarão mudanças sem precedentes no clima", explicou Mora.
A emissão de gases do efeito estufa será um dos fatores que mais afetará a temperatura do ar próximo à superfície, segundo os cientistas.
Em 2047 pela primeira vez serão superados os registros históricos de temperaturas nas regiões tropicais, caso se mantenha o ritmo de emissões atual, o que poderia ser adiado até 2069 caso as emissões se estabilizem.
Apesar de os trópicos serem os primeiros afetados, segundo o estudo, as mudanças climáticas atingirão o resto do planeta cerca de 20 anos mais tarde.
A pesquisa evidencia a necessidade "urgente" de frear o avanço das emissões de gases do efeito estufa para proteger as zonas tropicais, onde está grande parte da biodiversidade do planeta e vários países em desenvolvimento.
"O clima é um dos motores principais dos processos biológicos, afeta tanto indivíduos quanto o ecossistema, além de diversos aspectos da vida humana", destacou o artigo.
Existem espécies cuja sobrevivência está ligada ao clima e as mudanças drásticas nas temperaturas podem provocar migração e o risco de extinção delas.
As variações nos padrões de temperaturas poderiam afetar as condições de vida dos humanos. A mudança climática poderia afetar as provisões de comida e água em algumas regiões, e contribuiria na propagação de doenças infecciosas, aponta o estudo.


EFE

 
G1    09/10/2013 18h55 - Atualizado em 09/10/2013 19h25

Mudanças climáticas radicais estão prestes a ocorrer, sugere estudo

Cientistas estimaram que planeta experimentará clima extremo em 2047.
Região dos trópicos será a primeira a sentir efeito intenso de mudança.

Da France Presse / G1



A Terra pode experimentar um clima radicalmente diferente no prazo de 34 anos, mudando para sempre a vida como conhecemos, com impacto mais intenso ocorrendo primeiramente na região dos trópicos, alerta um estudo publicado nesta quarta-feira (9) na revista "Nature".
Com as tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa, 2047 será o ano em que o clima na maior parte das regiões do planeta mudará para além dos extremos documentados, destacou o estudo. Este prazo se estenderá a 2069 em um cenário em que as emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis se estabilizarão.
"Os resultados nos chocaram", afirmou a respeito das descobertas o principal autor do estudo, Camilo Mora, do departamento de geografia da Universidade do Havaí. "Ao longo da minha geração, qualquer clima com o qual estejamos acostumados será coisa do passado".
A maioria dos estudos climáticos prevê mudanças médias globais a partir de uma data aleatória, como 2100. A nova pesquisa seguiu um curso diferente, ao distinguir diferentes regiões do planeta e tentar identificar o ano em que o clima cruzará o limite dos eventos climáticos extremos.
Paraná fará levantamento das emissões de gases de efeito estufa (Foto: Denis Ferreira Netto / Aen)Cientistas estimaram a data em que clima vai piorar
em determinados países (Foto: Denis Ferreira Netto / Aen)
Espécies terão de se adaptar ou morrerão
Entre os efeitos analisados estão a temperatura superficial do ar e mar, padrão de chuva e acidez dos oceanos. "Independentemente do cenário, as mudanças vão acontecer logo", advertiu Mora, destacando que isto forçará as espécies a se adaptar ou mudar para não morrer.

"O trabalho demonstra que estamos empurrando os ecossistemas do planeta para fora do ambiente em que evoluíram e para dentro de condições totalmente novas que eles podem não conseguir suportar. As extinções são o resultado provável", comentou Ken Caldeira, do departamento de ecologia global do Instituto Carnegie de Ciência.
Segundo a investigação, os trópicos serão afetados mais rápido e de forma mais intensa. Plantas e animais tropicais não estão habituados a variações no clima e por isso são mais vulneráveis mesmo às menores alterações. "Os trópicos sustentam a maior diversidade do mundo em espécies marinhas e terrestres e experimentarão climas sem precedentes dez anos antes do que qualquer outra (região) da Terra", destacou um comunicado.
Essas regiões também abrigam a maior parte da população mundial e contribuem significativamente para o abastecimento alimentar global. "Em países predominantemente desenvolvidos, cerca de um bilhão de pessoas em um cenário otimista e cinco bilhões em um cenário 'business-as-usual' (que mantém as mesmas condições) vivem em regiões que irão experimentar climas extremos antes de 2050", disse o co-autor do estudo, Ryan Longman.
"Isso faz aumentar a preocupação com mudanças no abastecimento de água e comida, saúde humana, a disseminação mais extensa de doenças infecciosas, estresse causado pelo calor, conflitos e desafios para as economias', alertou. "Nossos resultados sugerem que os países que serão impactados primeiro por climas sem precedentes serão aqueles com menos capacidade de responder", prosseguiu.
Contagem regressiva
Segundo um cenário de emissões onde não foram tomadas a providências para reduzir a quantidade de CO2 na atmosfera, os cientistas previram que as datas da "partida climática" seriam por volta de 2020 em Manokwari (Indonésia), 2029 em Lagos (Nigéria), 2031 na Cidade do México, 2066 em Reykjavik (Islândia) e 2071 em Anchorage (Alasca).

Os estudiosos denominaram de "partida climática" o ponto em que eventos extremos mensurados durante os últimos 150 anos - período durante o qual dados climáticos são considerados confiáveis - se tornam a norma.
"Se a avaliação estiver correta, atenção conservacionistas: a corrida das mudanças climáticas não só começou, mas está definida, com a linha de chegada da extinção se aproximando mais dos trópicos", escreveu Eric Post, do departamento de biologia da Universidade do Estado da Pensilvânia, em um comentário sobre as descobertas.
O ano 2047 foi estabelecido em um cenário "business-as-usual", segundo o qual os níveis de dióxido de carbono (CO2) atmosférico continuarão constantes. Atualmente, estes níveis estão abaixo das 400 partes por milhão (ppm), mas podem alcançar 936 ppm em 2100, o que significaria uma elevação média na temperatura ao longo deste século de 3,7 graus Celsius.
O ano 2067 se baseia em um cenário de redução de emissões, que alcançaria as 538 ppm em 2100, provocando um aquecimento neste século de cerca de 1,8º C. Mais 0,7º C precisa ser adicionado às temperaturas para incluir um aquecimento que aconteceu do início da Revolução Industrial até o ano 2000.
Relatório do IPCC
As Nações Unidas estabeleceram como meta limitar o aquecimento global a 2º C em comparação com níveis pré-industriais para evitar efeitos catastróficos decorrentes das mudanças climáticas.

No mês passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC na sigla em inglês, divulgou o quinto relatório que aumentou o grau de certeza dos cientistas em relação à responsabilidade do homem no aquecimento global.

Chamado de "Sumário para os Formuladores de Políticas", o texto afirma que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau - a edição anterior falava em mais de 90%.
O documento mostrou também que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos".
O novo relatório diz ainda que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2 ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.
IPCC - arte (Foto: G1)
 



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