África na batalha contra o aquecimento global
04/06/2013 17:00
Os
dados da Organização Meteorológica Mundial não deixam margem para
dúvidas: os 12 anos entre 2001 e 2012 estão entre os 13 mais quentes de
sempre desde que há registos fiáveis.
Halike Berishe/Revista África21
Com menos de 4% de contribuição para o efeito de estufa na terra, África é o continente que mais vai sofrer com o aquecimento global e as alterações climáticas.
Dificuldades no abastecimento de água, fenómenos meteorológicos extremos – como secas severas e inundações – o aumento de áreas desertificadas, a expansão de doenças tropicais e crescentes dificuldades no abastecimento alimentar, devido à quebra de produção na agricultura, são alguns dos problemas que o continente pode enfrentar nas próximas décadas. Há mesmo regiões onde se espera uma diminuição nas colheitas agrícolas de 50%.
Nos últimos anos têm sido tomadas algumas medidas, a mais recente das quais numa articulação entre África e a União Europeia. Mas face aos cenários apresentados pelos cientistas, o tempo parece jogar definitivamente contra o continente. Os últimos dados dizem mesmo que um aumento de dois graus na temperatura média pode significar em termos económicos uma perda de quase 5% do PIB.
E comprometer diversas espécies animais e vegetais. Nesta batalha mundial contra as alterações climáticas, África é considerado o continente esquecido, e apesar de todos estes riscos já perfeitamente identificados, as contribuições internacionais para o atenuar das consequências têm sido mínimas, e muito menores do que as que já receberam países como a Índia ou a China. Entretanto, em cada ano que passa, extinguem-se novas espécies e as consequências no dia a dia das populações torna-se cada vez mais visível.
Leia versão integral na edição impressa da revista África21 (N.º 75, junho 2013). Para assinar a revista contacte: jbelisario.movimento@gmail.com
Como o aquecimento global pode mudar nossa economia
O agronegócio e a indústria energética estão entre os setores mais ameaçados pelas mudanças climáticas, segundo especialistas
São Paulo – Principal vilão das emissões de gases efeito estufa do Brasil, o desmatamento na
floresta amazônica atingiu uma área de 175 km² entre março e abril de
2013, uma queda de quase 50% em relação aos doze meses anteriores.
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito.
Cerca de 26% do desmatamento na Amazônia Legal (área que engloba nove
estados brasileiros) é causado pela pecuária. Segundo estudos do
Instituto Nacional de Pesquisadas Espaciais (Inpe), entre 1990 e 2006 o
rebanho existente na região subiu de 26 milhões (18% do total nacional)
para 73 milhões de cabeças, o que equivale a 36% do total nacional.
Quanto mais cabeça de gado, mais espaço para a criação do rebanho é necessário. Dessa forma, a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) resultantes das queimadas para limpeza do solo e dos dejetos dos animais acaba contribuindo para o aquecimento global.
Mas a pecuária, que é responsável por 50% das emissões de gases de efeito estufa no país, não leva a culpa sozinha. A agricultura também está no rol de atividades econômicas que contribuem para as mudanças climáticas.
Segundo Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro do Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia (LBA) e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o agronegócio é um dos principais drivers quando se fala de mudanças climáticas.
O uso de fertilizantes e agrotóxicos leva à contaminação do solo e dos lençóis freáticos, e gera emissões de dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (NH4) para a atmosfera, compostos que contribuem para o efeito estufa.
Efeito colateral
E se toda ação tem uma reação, o agronegócio pode – e deve – se preparar para as influências das mudanças climáticas no setor. O aumento da temperatura, e a alteração no padrão das chuvas e dos níveis de fertilidade do solo podem afetar a produção de alimentos, a criação de rebanho, e até alterar o mapa geográfico dessas atividades.
Para Artaxo, com o aumento da população mundial e, consequentemente, da demanda por alimentos, países como Brasil e Índia – que possuem os maiores rebanhos bovinos do mundo - enfrentarão um grande desafio: alimentar a população sem aumentar consideravelmente a emissão de GEEs.
Quanto mais cabeça de gado, mais espaço para a criação do rebanho é necessário. Dessa forma, a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) resultantes das queimadas para limpeza do solo e dos dejetos dos animais acaba contribuindo para o aquecimento global.
Mas a pecuária, que é responsável por 50% das emissões de gases de efeito estufa no país, não leva a culpa sozinha. A agricultura também está no rol de atividades econômicas que contribuem para as mudanças climáticas.
Segundo Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro do Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia (LBA) e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o agronegócio é um dos principais drivers quando se fala de mudanças climáticas.
O uso de fertilizantes e agrotóxicos leva à contaminação do solo e dos lençóis freáticos, e gera emissões de dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (NH4) para a atmosfera, compostos que contribuem para o efeito estufa.
Efeito colateral
E se toda ação tem uma reação, o agronegócio pode – e deve – se preparar para as influências das mudanças climáticas no setor. O aumento da temperatura, e a alteração no padrão das chuvas e dos níveis de fertilidade do solo podem afetar a produção de alimentos, a criação de rebanho, e até alterar o mapa geográfico dessas atividades.
Para Artaxo, com o aumento da população mundial e, consequentemente, da demanda por alimentos, países como Brasil e Índia – que possuem os maiores rebanhos bovinos do mundo - enfrentarão um grande desafio: alimentar a população sem aumentar consideravelmente a emissão de GEEs.
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