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terça-feira, 5 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DOS COMETAS


A origem da água na Terra há muito tempo é tema de acalorados debates entre os cientistas. Nosso planeta foi formado em temperaturas tão elevadas que, se houvesse alguma água nos primeiros tempos da sua formação, ela certamente teria evaporado. Hoje, no entanto, dois terços da sua superfície são cobertos por água. De onde ela veio? Deve ter vindo do espaço, depois que a Terra esfriou.
Cometas parecem ser a explicação natural: eles são, na verdade, gigantescos icebergs que viajam através do espaço. Suas órbitas mais cedo ou mais tarde cruzam os caminhos percorridos pelos planetas, e as colisões não apenas são possíveis mas relativamente frequentes. O impacto do cometa Shoemaker-Levy 9, sobre Júpiter, em 1994, constituiu um evento do gênero. Nos primórdios do Sistema Solar, quando o número de cometas circulando nos arredores era bem maior, as colisões deveriam ser um fenômeno ainda mais comum.
No entanto, até agora, as observações astronômicas não tinham conseguido comprovar a suspeita de que foram os cometas a trazer água para a Terra. A chave para essa certeza é o nível de deutério – um dos isótopos pesados do hidrogênio – encontrado na água.
Todo o deutério e o hidrogênio do Universo foram formados imediatamente após o big bang, cerca de 13,7 bilhões de anos atrás, fixando a proporção média entre as duas modalidades de átomos. Na água, no entanto, essa proporção pode variar de local para local. As reações químicas que envolvem a produção de gelo no espaço exterior levam a uma menor ou maior possibilidade de que átomos de deutério substituam um dos dois átomos de hidrogênio que compõem a molécula da água (H2O), dependendo de condições ambientais particulares.
Assim, comparando a proporção de deutério/hidrogênio na água dos oceanos terrestres com a da água em objetos extraterrestres, os astrônomos podem chegar a identificar a origem da nossa água.
Todos os cometas estudados até agora mostraram níveis de deutério cerca de duas vezes mais elevados do que o dos nossos oceanos. Se cometas desse tipo colidiram com a Terra, eles só poderiam ter contribuído com um pequeno percentual do total de água existente no planeta. Os astrônomos começaram a pensar que devem ter sido os meteoritos os verdadeiros responsáveis, embora a quantidade de água neles deva ser muito menor.
Agora, o observatório Herschel estudou o cometa Hartley 2 usando o HIFI, o mais sensível instrumento jamais construído para detectar água no espaço, e demonstrou que pelo menos esse cometa possui água do mesmo tipo daquela encontrada nos nossos oceanos.
“A proporção deutério/hidrogênio da água do cometa Hartley é quase exatamente a mesma da água dos oceanos terrestres”, afirma Paul Hartogh, do Instituto Max Plank, da Alemanha, que chefia a equipe internacional de astrônomos envolvidos nessa pesquisa.
A razão pela qual o cometa Hartley 2 é diferente provavelmente deve-se ao seu lugar de nascimento: muito além de Plutão, numa região extremamente fria do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper.
Acredita-se que todos os outros cometas até agora estudados pelos astrônomos foram formados nas vizinhanças de Júpiter e Saturno, antes de serem ejetados a longas distâncias pela gravidade desses planetas gigantes, para retornarem apenas muito tempo depois.
Assim sendo, as novas observações sugerem que, afinal, nossos oceanos realmente vieram de cometas – mas apenas de uma família específica deles, aqueles formados nos limites do Sistema Solar. Lá longe, onde impera o frio extremo, a proporção deutério/hidrogênio inserida na água do gelo pode ter sido muito diferente daquela que surge nas regiões mais tépidas do interior do Sistema Solar.
Herschel procura agora outros cometas similares para verificar se essa hipótese se confirma.
A ilustração mostra a órbita do cometa Hartley 2 em relação àquelas dos cinco planetas mais internos do Sistema Solar. O cometa fez sua mais recente passagem nas proximidades da Terra há um ano, chegando a 19,45 milhões de quilômetros do nosso planeta. Na ocasião, ele foi observado pelos instrumentos do observatório Herschel. Imagens: ESA/AOES Medialab; Herschel/HssO Consortium
O painel da esquerda mostra a órbita do cometa Hartley 2. O painel central mostra uma porção mais ampla do Sistema Solar, incluindo o Cinturão de Kuiper. O Cinturão é um dos maiores reservatórios de cometas de todo o Sistema Solar. Acredita-se que cometas como o Hartley 2 foram formados ali, migrando depois para zonas mais internas do sistema. O painel da direita mostra a Nuvem Oort, o outro mais importante reservatório de cometas, localizada para além dos limites do Sistema Solar. Créditos: ESA/AOES Medialab
O instrumento heteródino para infravermelho (HIFI) é um espectômetro heteródino de alta resolução. Ele funciona mixando o sinal captado com um outro sinal estável e monocromático, gerado por um oscilador local, e extraindo a diferença de frequência para um posterior processamento em espectômetro. O HIFI foi desenvolvido por um consórcio liderado pela empresa holandesa Groningen. Imagem: Créditos: ESA (imagem por C. Carreau)

http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/20179/




Atualizado em quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013 - 00h13

Aberta a temporada para visualizar cometas

Lemmon e Panstarrs estão visíveis; “cometa do século” chega em novembro
 Cometas Panstarrs (abaixo) e Lemmon (direita) Reprodução/Arquivo Pessoal


Após o meteoro russo e o asteroide 2012 DA 14, está aberta a temporada para observações de cometas. Profissionais e simpatizantes da astronomia já estão de olho no céu para acompanhar os fenômenos. O primeiro cometa do ano a dar as caras foi o Lemmon.

O cometa teve sua máxima aproximação com a Terra no início de fevereiro. No entanto, ele voltará a ter uma boa luminosidade até o próximo dia 24 de março, quando se aproximará do Sol.

Outro cometa que terá boas condições para ser visualizado é o Panstarrs. Em 6 de março, o cometa passará no ponto mais próximo à Terra. Quando se aproximar do Sol, ele ficará mais brilhante por causa da vaporização do gelo e da poeira que fazem parte da sua composição.

Em Marialva, no Paraná, apaixonados por astronomia fundaram o Clube de Astronomia Edmond Halley (CAEH), que tem como objetivo incentivar o conhecimento astronômico e de ciências para os jovens da região.

Um dos membros do CAEH, o professor de matemática e astrônomo amador Maico Zorzan demonstrou empolgação com o fato de 2013 ser um ano de vários fenômenos no céu.


Imagem mostra a passagem do cometa Lemmon. Foto: Rafael Bezerra Dalla Costa/CAEH

“É um ano bom para observações”, explica. “Temos a passagem do Lemmon, que ainda está visível com a ajuda de aparelhos. Neste mesmo momento, temos também o Panstarrs. Quando eles se aproximarem do Sol, teremos um espetáculo raro de ser observado”.

Zorzan também destaca algumas condições para a observação desses cometas. “O melhor é um local deserto, afastado. A gente sofre muito com as luzes das cidades. As nuvens no horizonte também atrapalham. Uma área rural é ideal para esse tipo de observação. Os cometas são mais visíveis no fim de tarde. Em algumas fases, eles também podem ser vistos de madrugada ou antes do Sol nascer”.


Cometa Panstarrs se aproximará da Terra nos próximos dias. Foto: Nasa

Máquinas fotográficas com zoom, ISO elevado e exposições com 10 e 15 segundos conseguem registrar imagens dos cometas. Quando estão próximos a Terra ou ao Sol, estes também podem ser vistos com binóculos.

O cometa do século
Quem mora em grandes cidades e não pode viajar para locais afastados para observar o Lemmon ou o Panstarrs terá outra oportunidade no fim de ano. Astrônomos destacam que entre novembro e dezembro o cometa Ison passará pela Terra.

De acordo com especialistas, este será o cometa do século. Poderá ser uma rara oportunidade para observação a olho nu, inclusive em grandes cidades. A expectativa é de que o Ison fique mais brilhante no céu do que a lua cheia.


Cometa Ison poderá ser visto com grande brilho neste ano. Foto: Nasa

“Se o Ison cumprir os cálculos, ele terá um brilho maior do que a lua e vai ser um dos espetáculos maiores já vistos”, explica o matemático. “Além disso, ainda poderemos esperar nos próximos anos ou meses chuvas de meteoros referentes à poeira liberada por estes cometas”.
 

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