A ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL ESTÁ AUSENTE
Imagem de hoje das 16h mostra muitas instabilidades em parte da Região Nordeste, mas área mais seca fica sem chuva.
20/03/2013 12h13
- Atualizado em
20/03/2013 18h55
No Recife, especialistas do Nordeste se reúnem para falar de chuvas
SE, BA, CE, AL, PB, RN e PE apresentaram situação atual das chuvas.
Telepluviômetros serão instalados em áreas de enchente e deslizamentos.
Reunião acontece na sede da Apac, em Santo Amaro
(Foto: Lorena Aquino/G1)
Meteorologistas, representantes do Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), membros da Defesa Civil e
especialistas de vários estados participaram da reunião de Análise e
Previsão Climática para o setor leste da Região Nordeste, na sede da
Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), no bairro de Santo Amaro,
área central do Recife. O evento pretende analisar e apresentar,
durante toda esta quarta (20) e quinta (21), os últimos parâmetros de
precipitação pluviométrica nos estados para poder chegar a uma previsão
com relação às chuvas dos próximos três meses no Leste da região.(Foto: Lorena Aquino/G1)
O evento acontece mensalmente, em estados diferentes, mas esta é a primeira vez no ano em que a reunião discute as condições do Litoral, Zona da Mata e Agreste, uma vez que as atenções estavam todas voltadas para o semiárido por causa da estiagem prolongada. Cada estado apresenta as análises de forma individual e, a partir da observação coletiva, é possível entender melhor as condições dos ventos, pressão e sistemas meteorológicos como um todo. Para o chefe de meteorologia da Apac, Patrice Oliveira, cada centro tem sua análise e a ideia do encontro é dividir informações. “Estes sistemas não atingem apenas Pernambuco, mas a região inteira. Não podemos dar uma previsão do tempo para o estado ou para a região sem antes fazer esta análise conjunta”, declara.
Patrice explica, no entanto, que os meses de março e abril normalmente são os mais chuvosos no estado, com precipitações de até 300 milímetros. "Este ano, quem mais choveu em março, choveu 100 milímetros. Nos outros lugares, deu 25, 30. Nesta época do ano, já era para as chuvas estarem mais distribuídas", diz. No entanto, ainda é cedo para prever alguma coisa. "Depois de analisar os aspectos meteorológicos, os modelos matemáticos é que vão fazer a previsão. É como uma fórmula", completa o chefe de meteorologia.
saiba mais
De posse dos resultados, a Apac vai promover uma nova reunião na
próxima semana com representantes da Defesa Civil para definir ações
para a Operação Inverno e planejar situações de emergência. “Para atuar
neste tipo de situação, tudo tem que ter sido pensado e planejado antes,
não pode ser uma decisão de última hora. É preciso levar em conta a
quantidade de chuva, os locais de fácil ou difícil acesso, entre outros
fatores, para determinar o momento certo de dar o alerta, se
necessário”, afirma o diretor-presidente da Apac, Marcelo Asfora.
Durante a reunião da próxima semana, também será discutido o início da
instalação de 92 telepluviômetros no leste de Pernambuco, em áreas de
risco de enchente e deslizamento de morros.Para Marcelo Asfora, a responsabilidade dos meteorologistas só cresce, especialmente em época de estiagem prolongada. “Cada vez mais os gestores públicos estão apoiando suas decisões de acordo com as informações repassadas pelos especialistas”, confirma, defendendo a importância das reuniões mensais da Apac. "O foco é sempre o período chuvoso, como ele se comporta; e a seca também tem a ver porque é a falta de chuva. Não podemos encarar apenas as enchentes como desastres naturais, a seca também é", diz Asfora.
No começo da noite desta quarta-feira, o Laboratório de Meteorologia do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Lamep/Itep), que disse ter representantes na reunião, informou que as chuvas ficarão abaixo do esperado no semiárido pernambucano, no trimestre abril, maio e junho deste ano. O prognóstico completo deve ser divulgado apenas ao fim do evento, na quinta-feira (21).
Inverno no Ceará
Ciência relaciona chuvas com São José e o equinócio
18.03.2013
Devoção é associada com esperança de início de período chuvoso Foto Honório Barbosa
Essa foi a previsão divulgada no final de fevereiro, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Com a estiagem, municípios no Estado já vivenciam racionamento. São inúmeros os animais que já morreram em função de fome e sede, com a falta de água e alimentos nos reservatórios.
Mito
A meteorologista Cláudia Rickes desmistifica a crença sertaneja, ao afirmar que a data do dia 19 nada tem a ver com o inverno. "Na verdade, prevalece o prognóstico", disse ela. Segundo a técnica, esse é um momento em que os raios solares são mais fortes no Nordeste, e principalmente no Ceará, por estar mais próximo da linha do Equador.
Com isso, passa a ser atingido com maior intensidade. Isso acontece um pouco antes do dia 20 de março, data que marca o equinócio, ou até alguns dias depois. É nesse mesmo período que ocorrem as mudanças de estação nos hemisférios. No Norte, entra a estação da primavera.
Em todo o Nordeste, há o clamor do agricultor pela chuva, pelo menos para garantir um pouco de água nos reservatórios e amenizar os efeitos da seca no sertão. Para o agricultor Francisco Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, esse tem sido um momento de grande sofrimento para as pessoas que sobrevivem do que tiram do campo. A esta altura, segundo ele, não há praticamente a possibilidade de se ter bons rendimentos na agricultura. "Mesmo com essa realidade, a gente nunca perde a fé e nem a confiança em Deus, em São José", diz ele.
Amenizar
Para o agricultor, uma boa chuva nesse momento é muito bem vinda. "Pode não trazer mais um bom inverno, mas com certeza ameniza o sofrimento das pessoas", enfatiza. Chico Alves conhece bem de perto essa realidade que o homem do campo tem vivenciado. "É de muito sofrimento, para quem espera apenas do céu a chuva chegar para plantar e colher", afirma.
Aos 63 anos, seu Chico Alves, com a experiência de uma infância vivida no campo, afirma que jamais vivenciou o que está acontecendo. Os dois últimos anos consecutivos de poucas chuvas, tem resultado na morte de milhares de animais no Estado. "Caso não chova, acredito que pelo menos 60% dos animais, vão morrer de fome esse ano, porque não temos onde buscar o alimento", constata o agricultor.
A ciência é irredutível diante da crença. A realidade dos estudos meteorológicos destaca a distância entre as duas coisas. "Se chover no dia 19 não há correlação com inverno. Não indica que as coisas vão mudar. Por enquanto o que se tem é essa realidade, com base em estudos", diz Cláudia, ao destacar o respeito da instituição, mesmo com essa perspectiva, ao agricultor cearense.
As mudanças climáticas, conforme o agricultor José Roberto Ferreira, do distrito de Arajara, em Barbalha, têm sido uma forma de também abalar um pouco a fé do agricultor por bons tempos de chuva. Para ele, hoje é muito difícil perceber sinais de inverno, por conta dessas oscilações. "A gente fica um pouco desacreditado", mas acrescenta que o importante mesmo é se apegar a fé. "É o que nos resta nesse momento", completa.
A fase que caracteriza o inverno no Estado começa no final de janeiro e se prolonga até o mês de maio. Na previsão dada pela Funceme, as chuvas este ano estarão abaixo da média. O anúncio tem se confirmado. Para o agricultor, não há mais possibilidade de se fazer um replantio, a esta altura da fase de estiagem. A safra está comprometida. "Mas seria essencial, nesse momento, pelo menos produzir o pasto e juntar água", diz ele.
Capacidade
Os açudes Manoel Balbino, em Juazeiro do Norte, e Mari, em Crato, estão com a capacidade mínima. Segundo o presidente do Sindicato, o maior reservatório de água no Município cratense está com 10% do volume de água que consegue acumular. "Se não chover de março até o mês de maio, com certeza vai ser um ano que nunca vi em minha vida", lamenta. Ele lembra que mesmo com a dificuldade de inverno enfrentada ano passado, por esse mesmo período já se via gente debulhando feijão. "Esse ano não tem nada", diz.
Mas, mesmo assim, destaca o otimismo do sertanejo, o homem de fé. Para ele, o agricultor sempre acredita no quem vem de bom, porque ele depende da agricultura. É humilde, é simples. "Só sabe essa realidade quem convive. O agricultor é um ser ofrido. A fé sustenta e isso é muito bom", afirma. A variação do dia de equinócio de primavera e de outono pode variar de ano para ano, devido o ano ter 365 dias e algumas horas.
Fique por dentro
Fenômeno acontece a partir do dia 21
Entre o dia 20 ou 21 e março de cada ano, acontece o equinócio, que representa a mudança de estação no hemisfério sul, para o outono, e no hemisfério norte, para a primavera. Com isso, a duração do dia é idêntica à da noite e os hemisférios norte e sul recebem a mesma quantidade de luz. Isso ocorre durante duas vezes ao ano, normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro.
É um período do ano, em que a temperatura aumenta significativamente. A crença popular atribui o Dia de São José, no próximo dia 19 de março, como data determinante para se confirmar o inverno. Ao padroeiro do Estado cearense, o sertanejo rende as suas últimas esperanças, com orações e várias manifestações de fé em todo o Estado.
Isso se explica, por ser um período do ano em que a luz solar incidirá com maior intensidade sobre um dos hemisférios, alternando em outra parte do ano, conforme o movimento do planeta. No entanto, em dois dias do ano, a Terra se situa em pontos onde os raios solares incidem perpendicularmente à linha do Equador, proporcionando a mesma distribuição de luz para os dois hemisférios, caracterizando o equinócio.
Imagem das 19h de hoje.
Chuva forte e volumosa em Manaus (AM)
23 de março de 2013 às 17:05 por Daniele Lima
A estação automática do INMET registrou um acumulado de chuva de 51 milímetros entre 12 e 16 horas.
A previsão é de mais chuva para a capital do Amazonas nos próximos dias. As instabilidades persistem e há risco de novos temporais, especialmente neste domingo e na segunda-feira.
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