Estudo
Aquecimento global a ritmo mais lento
Para já, a Humanidade pode
estar descansada mas, inevitavelmente, o quadro climático global vai
conhecer profundas alterações, refere trabalho da Universidade de
Oxford.
25-05-2013 0:00 por André Rodrigues
Afinal, o aquecimento global poderá estar a
ocorrer a um ritmo mais lento do que os cientistas inicialmente
estimavam, revela um estudo realizado por investigadores da Universidade
de Oxford, publicado na revista “Nature Geoscience”.
O trabalho, que envolveu 17 especialistas de oito países, desenha novas projecções sobre o que poderá acontecer no futuro, tendo em conta os dados mais recentes sobre o aquecimento global.
Apesar de as previsões mais catastróficas sobre o aquecimento global serem pouco prováveis, no médio prazo, os investigadores da Universidade de Oxford admitem que o aumento da temperatura no planeta seja o dobro do limite de dois graus que garante a estabilidade climática.
Para já, o aquecimento global parece ser mais lento do que inicialmente previsto pelos cientistas. Alexander Otto, principal autor do estudo agora publicado na “Nature Geoscience”, garante que o fenómeno não diminuiu nem estagnou.
“Nos últimos 10 anos houve uma pausa no aquecimento global e muitos apressaram-se a questionar a existência de facto do aquecimento global existir. Outros admitiram que ele poderia estar a ocorrer de forma mais lenta. O que o nosso estudo fez foi uma actualização dos dados mais recentes sobre as temperaturas a nível global e quanto calor extra foi absorvido pelos diferentes sistemas da Terra. Calculámos essas variáveis a curto prazo e a muito longo prazo, e concluímos que a muito longo prazo é de esperar um aquecimento global dentro daquilo que está previsto, simplesmente ele vai ocorrer a um ritmo mais lento do que inicialmente pensávamos.”
Para já, a Humanidade pode estar descansada mas, inevitavelmente, o quadro climático global vai conhecer profundas alterações, refere Alexander Otto.
“Aumento do nível do mar, desastres naturais mais frequentes e mais extremos. Tempestades, cheias e, claro, alterações nos ecossistemas e desertificação. O nosso estudo não altera muito estas projecções e estaremos a olhar para temperaturas no final deste século que estão muito para além do limite de dois graus que é considerado como uma fronteira de segurança para garantir um clima estável. Por isso prevemos consequências muito severas”, sublinha.
Dentro de quanto tempo? O investigador diz que esta é uma pergunta para a qual ninguém tem uma resposta exacta.
“O clima não se rege exclusivamente pelas regras de longo prazo que investigamos, mas também pelas variações climáticas de curto prazo, porque elas ocorrem dentro da mesma década. Ou seja: podemos ter uma década mais quente ou mais fria do que o esperado com ou sem alterações climáticas, o que nos leva a concluir que as mudanças climáticas mais locais e os eventos extremos que ocorrem a uma escala mais confinada estão a ser influenciados não apenas pelas alterações climáticas mas também pelas variações naturais. Por isso todas as projecções do quão severas poderão ser as consequências do aquecimento global nas próximas décadas estão fortemente condicionadas por esta variação, explica.
Os resultados deste estudo da Universidade de Oxford surgem numa altura em que o Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas finaliza mais uma avaliação sobre o presente e o futuro do clima na Terra. As conclusões serão apresentadas em Setembro.
Um levantamento de milhares de estudos sobre climatologia reforça a ideia de que há consenso na comunidade científica a respeito da principal causa do aquecimento global. Segundo 97% dos cientistas do clima, o aquecimento do planeta é causado pela ação humana, principalmente pela emissão de gases de efeito estufa na geração de energia, desmatamento e setor de transportes.
>> Concentração de CO2 na atmosfera atinge marca recorde
O estudo contou com duas etapas. Na primeira, um grupo de voluntários analisou 12 mil estudos publicados entre 1991 e 2011 sobre mudanças climáticas. Desses, 4 mil assumiam posição em relação às causas do aquecimento global. O levantamento descobriu que 97,1% desses estudos defendiam que a ação humana era responsável pelas mudanças no clima do mundo.
Na segunda etapa, os autores contataram diretamente pesquisadores envolvidos no assunto. 1.200 pesquisadores, responsáveis por cerca de 2 mil estudos, foram questionados se o aquecimento global era causado pelo homem ou era um fenômeno natural. O resultado foi que 97,2% dos cientistas disseram que as mudanças climáticas são causadas pelo homem.
O estudo foi motivado por uma pesquisa de opinião feita nos Estados Unidos pelo Pew Research Center. Essa pesquisa mostra que quase a metade dos americanos acredita que a comunidade científica está dividida em relação à causa do aquecimento global, e que ainda não existe consenso. Para os autores, esse desconhecimento atrapalha o avanço de políticas para combater os efeitos das mudanças climáticas.
O estudo foi liderado por John Cook, da Universidade de Queensland, na Austrália, e publicado na revista Environmental Research Letters. O texto ainda não passou por revisão de pares e está disponível para download, em inglês.
(Bruno Calixto)
O trabalho, que envolveu 17 especialistas de oito países, desenha novas projecções sobre o que poderá acontecer no futuro, tendo em conta os dados mais recentes sobre o aquecimento global.
Apesar de as previsões mais catastróficas sobre o aquecimento global serem pouco prováveis, no médio prazo, os investigadores da Universidade de Oxford admitem que o aumento da temperatura no planeta seja o dobro do limite de dois graus que garante a estabilidade climática.
Para já, o aquecimento global parece ser mais lento do que inicialmente previsto pelos cientistas. Alexander Otto, principal autor do estudo agora publicado na “Nature Geoscience”, garante que o fenómeno não diminuiu nem estagnou.
“Nos últimos 10 anos houve uma pausa no aquecimento global e muitos apressaram-se a questionar a existência de facto do aquecimento global existir. Outros admitiram que ele poderia estar a ocorrer de forma mais lenta. O que o nosso estudo fez foi uma actualização dos dados mais recentes sobre as temperaturas a nível global e quanto calor extra foi absorvido pelos diferentes sistemas da Terra. Calculámos essas variáveis a curto prazo e a muito longo prazo, e concluímos que a muito longo prazo é de esperar um aquecimento global dentro daquilo que está previsto, simplesmente ele vai ocorrer a um ritmo mais lento do que inicialmente pensávamos.”
Para já, a Humanidade pode estar descansada mas, inevitavelmente, o quadro climático global vai conhecer profundas alterações, refere Alexander Otto.
“Aumento do nível do mar, desastres naturais mais frequentes e mais extremos. Tempestades, cheias e, claro, alterações nos ecossistemas e desertificação. O nosso estudo não altera muito estas projecções e estaremos a olhar para temperaturas no final deste século que estão muito para além do limite de dois graus que é considerado como uma fronteira de segurança para garantir um clima estável. Por isso prevemos consequências muito severas”, sublinha.
Dentro de quanto tempo? O investigador diz que esta é uma pergunta para a qual ninguém tem uma resposta exacta.
“O clima não se rege exclusivamente pelas regras de longo prazo que investigamos, mas também pelas variações climáticas de curto prazo, porque elas ocorrem dentro da mesma década. Ou seja: podemos ter uma década mais quente ou mais fria do que o esperado com ou sem alterações climáticas, o que nos leva a concluir que as mudanças climáticas mais locais e os eventos extremos que ocorrem a uma escala mais confinada estão a ser influenciados não apenas pelas alterações climáticas mas também pelas variações naturais. Por isso todas as projecções do quão severas poderão ser as consequências do aquecimento global nas próximas décadas estão fortemente condicionadas por esta variação, explica.
Os resultados deste estudo da Universidade de Oxford surgem numa altura em que o Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas finaliza mais uma avaliação sobre o presente e o futuro do clima na Terra. As conclusões serão apresentadas em Setembro.
Para 97% dos cientistas, aquecimento global é causado pela ação humana
08:00, 17/05/2013
Redação Época
Um levantamento de milhares de estudos sobre climatologia reforça a ideia de que há consenso na comunidade científica a respeito da principal causa do aquecimento global. Segundo 97% dos cientistas do clima, o aquecimento do planeta é causado pela ação humana, principalmente pela emissão de gases de efeito estufa na geração de energia, desmatamento e setor de transportes.
>> Concentração de CO2 na atmosfera atinge marca recorde
O estudo contou com duas etapas. Na primeira, um grupo de voluntários analisou 12 mil estudos publicados entre 1991 e 2011 sobre mudanças climáticas. Desses, 4 mil assumiam posição em relação às causas do aquecimento global. O levantamento descobriu que 97,1% desses estudos defendiam que a ação humana era responsável pelas mudanças no clima do mundo.
Na segunda etapa, os autores contataram diretamente pesquisadores envolvidos no assunto. 1.200 pesquisadores, responsáveis por cerca de 2 mil estudos, foram questionados se o aquecimento global era causado pelo homem ou era um fenômeno natural. O resultado foi que 97,2% dos cientistas disseram que as mudanças climáticas são causadas pelo homem.
O estudo foi motivado por uma pesquisa de opinião feita nos Estados Unidos pelo Pew Research Center. Essa pesquisa mostra que quase a metade dos americanos acredita que a comunidade científica está dividida em relação à causa do aquecimento global, e que ainda não existe consenso. Para os autores, esse desconhecimento atrapalha o avanço de políticas para combater os efeitos das mudanças climáticas.
O estudo foi liderado por John Cook, da Universidade de Queensland, na Austrália, e publicado na revista Environmental Research Letters. O texto ainda não passou por revisão de pares e está disponível para download, em inglês.
(Bruno Calixto)
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