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sexta-feira, 3 de maio de 2013

MUDANÇA CLIMÁTICA


29/04/2013 07h35 - Atualizado em 29/04/2013 07h35

China lidera ações de combate à mudança climática, aponta estudo

No entanto, país ainda enfrenta graves problemas como a poluição.
EUA também lideram ações; crise econômica ajudou a baixar emissões.

Do G1, em São Paulo

A Agência espacial americana (Nasa) divulga imagem de satélite que mostram a névoa espessa de poluição que cobre Pequim, capital da China, que tem registrado desde o fim da última semana níveis perigosos para a saúde de contaminação. (Foto: Reuters/Nasa/Terra - Modis) 
A Agência espacial americana (Nasa) divulga imagem de satélite que mostram a névoa espessa de poluição que cobre Pequim, capital da China, no início do ano. Estudo aponta que o país se tornou protagonista no combate às mudanças climáticas (Foto: Reuters/Nasa/Terra - Modis)
 
A China está rapidamente assumindo um papel de liderança global frente às mudanças climáticas, protagonismo que é dividido com os Estados Unidos, revela um estudo publicado nesta segunda-feira (29), o qual alertou que as emissões globais de gases de efeito estufa continuam a crescer com força.
O informe da Comissão do Clima, uma organização independente sediada na Austrália, intitulado "A década crítica: ação internacional contra as mudanças climáticas" oferece um panorama geral das ações empreendidas nos últimos nove meses.
O documento é divulgado ao mesmo tempo em que inicia uma nova rodada de negociações climáticas da Organização das Nações Unidas, em Bonn, sobre como estimular as ações contra esse processo que já dura duas décadas, tem sido marcado por disputas processuais e defesa de interesses nacionais.
Segundo a agência France Presse, o estudo revelou que todas as grandes economias do mundo têm políticas em andamento para abordar a questão, mas que a China assume um papel de liderança ao fortalecer suas respostas, 'dando passos ambiciosos para inserir as energias renováveis à sua matriz'.
'"A China está acelerando as ações", afirmou Tim Flannery, co-autor do estudo e figura chave da Comissão do Clima, que reúne cientistas internacionalmente reconhecidos, assim como líderes políticos e de negócios.
"Depois de anos de um forte crescimento do uso do carvão, ele começou a se estabilizar. Estão começando a colocar em andamento sete esquemas de comércio de emissões, que cobrirão 250 milhões de pessoas", afirmou.
Apesar das ações, desde o começo do ano as grandes cidades do país, como Pequim e Xangai, sofrem constantemente com névoas densas de poluição. O governo precisou intervir e anunciou em janeiro que iria divulgar novas regras sobre como a capital da China deve reagir à perigosa poluição do ar.
As regras vão formalizar medidas pontuais tomadas anteriormente, incluindo o fechamento de fábricas, corte na queima de carvão e a proibição de certas classes de veículos nas estradas nos dias em que a poluição atingir níveis inaceitáveis.
Parceria
O estudo acrescentou que a China, que este mês concordou em trabalhar com os Estados Unidos para fazer frente ao aquecimento global, quer "posicionar os dois países na liderança mundial em energias renováveis". "Qualquer que seja a razão, os resultados falam por si. A China está rapidamente movendo-se rumo ao topo da liderança no que diz respeito às mudanças climáticas", afirmou Flannery.

Segundo o estudo, só em 2012 a China investiu US$ 65,1 bilhões em energias limpas, 20% mais que em 2011, um feito comparação com outros países e que representou 30% de todos os investimentos dos membros do G20 no ano passado.
O informe apontou ainda que a capacidade elétrica chinesa a partir da energia solar se expandiu 75% no ano passado, enquanto o volume de eletricidade gerada a partir do vento em 2012 foi 36% maior do que em 2011.
Os Estados Unidos, que ao lado da China produzem 37% das emissões mundiais de gases estufa, também fortaleceram significativamente sua resposta às mudanças climáticas, investindo US$35,6 bilhões em energias renováveis no ano passado, sendo superados apenas por Pequim.
Crise econômica "ajudou" a frear emissões
O informe destacou que o impacto do declínio econômico e a mudança progressiva do carvão para o gás manteve Washington no caminho de alcançar suas metas de redução de emissões em 17% em 2020 com base nos níveis de 2005.

"Foram estabelecidos importantes alicerces que são propensos a ter um impacto duradouro nas próximas décadas", acrescentou, apontando para a Califórnia, a nona maior economia do mundo, e que inicia um esquema de comércio de emissões em janeiro.
Mais da metade dos Estados americanos agora tem políticas para encorajar o uso das energias renováveis. Além de China e Estados Unidos, atualmente 98 países assumiram compromissos para limitar suas emissões.
"A energia renovável aumenta em todo o mundo, com a capacidade solar crescendo 42% e eólica, 21% em apenas um ano", disse Flannery. "Com tanto dinamismo global, esta é claramente o início da era da energia limpa", emendou. Mas apesar dos avanços, o informe alertou que as ações ainda não são suficientes. "As emissões continuam a crescer.


 
atualizado às 10h22

Desaceleração do aquecimento global intriga cientistas

Elevação das temperaturas passou a desacelerar a partir do ano 2000; cientistas preveem novo aumento do aquecimento nos próximos anos

Cientistas estão em dificuldades para explicar uma desaceleração do aquecimento global que expôs lacunas no seu conhecimento, e buscam entender as causas para determinar se esse alívio será breve ou se o fenômeno é duradouro.

A maioria dos modelos climáticos, geralmente focados em tendências que duram séculos, foi incapaz de prever que a elevação das temperaturas iria se desacelerar a partir do ano 2000, aproximadamente. Isso é crucial para o planejamento em curto e médio prazo de governos e empresas em setores tão díspares quanto energia, construção, agricultura e seguros. Muitos cientistas preveem um novo aumento do aquecimento nos próximos anos.

Uma das teorias para explicar essa pausa diz que os oceanos teriam absorvido mais calor pelo fato de sua superfície ficar mais fria do que se esperava. Outras especulam que a poluição industrial da Ásia ou nuvens estariam bloqueando o calor do sol, ou então que os gases do efeito estufa retêm menos calor do que se acreditava.

A mudança pode também decorrer de um declínio já observado na presença de vapor de água (que absorve calor) na alta atmosfera, por razões desconhecidas. Os cientistas dizem que pode estar ocorrendo uma combinação de vários fatores, ou variações naturais ainda desconhecidas.

O fraco crescimento econômico mundial e a redução na tendência de aquecimento global estão afetando a disposição dos governos para fazerem uma rápida transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, o que exige bilhões de dólares. Quase 200 governos já concordaram em definir até 2015 um plano para combater o aquecimento global.

"O sistema climático não é tão simples quanto as pessoas acham", disse o estatístico dinamarquês Bjon Lomborg, autor do livro O Ambientalista Cético. Ele estima que um aquecimento moderado seria benéfico para as lavouras e para a saúde humana.
Usinas emitem vapor no Reino Unido: eliminação de fontes de poluição pode reduzir o aquecimento Foto: Getty Images
Usinas emitem vapor no Reino Unido: eliminação de fontes de poluição pode reduzir o aquecimento
Foto: Getty Images

O químico sueco Svante Arrhenius mostrou pela primeira vez na década de 1890 como as emissões de dióxido de carbono a partir do carvão, por exemplo, prendem o calor na atmosfera. Muitos dos efeitos exatos ainda são desconhecidos.

As emissões de gases do efeito estufa atingiram níveis recordes repetidamente com um crescimento anual de cerca de 3% na maior parte da década até 2010, em parte alimentada por aumentos na China e na Índia. Emissões mundiais foram 75% maiores em 2010 do que em 1970, segundo dados da ONU.

Um rápido aumento das temperaturas globais nos anos 1980 e 1990 - quando as leis de ar limpo em países desenvolvidos reduziram a poluição e deixaram o sol mais forte na superfície da Terra - serviu como um argumento convincente de que as emissões de gases do efeito estufa eram culpadas pelo aquecimento.

O painel de especialistas sobre clima da ONU (IPCC) vai procurar explicar a pausa atual no aquecimento em um relatório que será divulgado em três partes a partir de final de 2013, com o objetivo de servir como um roteiro científico principal para os governos na mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a energia solar ou eólica.


REVISTA VEJA
29/04/2013 - 14:34

Plantas "reagem" ao aquecimento global e lançam gases que ajudam a moderar a temperatura

Pesquisadores comprovam que o aumento nas temperaturas do planeta faz com que as plantas emitam mais gases na atmosfera, contribuindo para combater o aquecimento global. Efeito, porém, é limitado

Cipó sobe pelo tronco de uma árvore em Barro Colorado, no Panamá. Cada vez mais, dizem pesquisas, os cipós estão crescendo e derrubando árvores nas florestas tropicais
Ao emitir grandes quantidades de gases em direção à atmosfera, as plantas podem ajudar a diminuir em até 30% o aquecimento nas regiões florestais. O efeito em escala global, no entanto, é muito pequeno (The New York Times)
Os cientistas já previam que as temperaturas cada vez mais altas ao redor do globo poderiam fazer com que as plantas liberassem uma quantidade maior de gases, aumentando a formação de nuvens e esfriando a atmosfera. Eles só não sabiam qual era o tamanho exato desse efeito na compensação do aquecimento global. Um novo estudo publicado neste domingo na revista Nature Geoscience mostra que o vapor emitido pelas plantas realmente contribui para diminuir as temperaturas, mas de forma pouco intensa em escala global. O efeito é mais forte em regiões próximas a grandes florestas e distantes das cidades. "As plantas, ao reagir com as mudanças na temperatura, passam também a moderá-las", diz Pauli Paasonen, pesquisador da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e autor do estudo.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Warming-induced increase in aerosol number concentration likely to moderate climate change

Onde foi divulgada: periódico Nature Geoscience

Quem fez: Pauli Paasonen, Ari Asmi, Tuukka Petäjä, Maija K. Kajos, Mikko Äijälä, Thomas Holst, Jonathan P. D. Abbatt, Almut Arneth, Wolfram Birmili

Instituição: Universidade de Helsinque, na Finlândia

Dados de amostragem: Dados coletados em 11 localidades ao redor do mundo

Resultado: Os pesquisadores mostraram que a emissão de gases pelas plantas pode moderar os efeitos do aquecimento global. Em escala global, no entanto, o efeito é pequeno, contribuindo para reduzir em menos de 1% o aquecimento do planeta
Pesquisa anteriores já haviam mostrado que algumas partículas emitidas na atmosfera — chamadas aerossóis — podem esfriar o clima na Terra ao refletir a luz solar e ao contribuir para a formação de nuvens, que refletem a luz de modo ainda mais eficiente. Os efeitos dos aerossóis emitidos pelas plantas, no entanto, ainda não haviam sido completamente entendidos. Os pesquisadores sabiam que eles poderiam reagir com outros aerossóis na atmosfera, criando partículas maiores e mais refletivas, mas não conseguiam provar sua existência em larga escala.
Na pesquisa atual, os cientistas coletaram dados de onze locais diferentes ao redor do mundo, medindo a concentração de aerossóis no ar, a emissão de gases pelas plantas, a temperatura e até a camada onde os gases reagem com as partículas na atmosfera. Como resultado, eles mostraram que esses gases realmente ajudam a diminuir as temperaturas no longo prazo e em escalas continentais — um efeito que é conhecido como feedback negativo. 


Segundo o estudo, o efeito desse aumento na emissão de gases é pequeno em escala planetária, evitando apenas 1% do aquecimento global. Em escalas regionais, o efeito observado é maior, com redução de até 30% do aquecimento em áreas rurais e próximas às florestas. "Isso não nos salva do aumento nas temperaturas do planeta. O efeito dos aerossóis no clima é uma das grandes incertezas nos modelos climáticos. Entender esse mecanismo pode ajudar a reduzir essas incertezas e a fazer modelos melhores", diz Paasonen.

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