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sábado, 11 de maio de 2013

MAIOR NÍVEL DE CO2 NA ATMOSFERA DA HISTÓRIA


Pela primeira vez, foi registrada uma concentração diária maior do que 400 partes por milhão

UOL 10 Mai de 2013 - 17:43

Foto: Ilustração
Os níveis de gás carbônico (CO2) na atmosfera atingiram um recorde, informou o NOAA (centro americano de controle da atmosfera)  nesta sexta-feira (10). Pela primeira vez, foi registrada uma concentração diária maior do que 400 partes por milhão de dióxido de carbono no ar.
Segundo os pesquisadores, a última vez que os níveis atingiram esse valor ocorreu há milhões de anos. O gás é o principal causador do aquecimento global, que gera mudanças climáticas bruscas, como fortes tempestades, além de verões e invernos mais rigorosos.
Em 9 de maio, a concentração média diária de CO2 na atmosfera de Mauna Loa, no Havaí, ultrapassou 400 partes por milhão (ppm), pela primeira vez desde que as medições começaram em 1958. Este é um marco importante porque Mauna Loa é o local de referência mundial primária para monitorar o aumento deste gás.
O gás é lançado na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis (como carvão, petróleo e gás natural) e outras atividades humanas. Sua concentração tem aumentado a cada ano desde que os cientistas começaram a fazer medições nas encostas do vulcão Mauna Loa. Os pesquisadores apontavam 400ppm como o pico máximo que se podia chegar sem grandes efeitos para o meio ambiente. 
A taxa de crescimento se acelerou desde que as medições começaram, a partir de cerca de 0,7 ppm por ano em 1950 para 2,1 ppm por ano, durante os últimos 10 anos.
"Esse aumento não é uma surpresa para os cientistas", disse o cientista sênior Pieter Tans do NOAA. "A evidência é conclusiva de que o forte crescimento das emissões globais de CO2 provenientes da queima de carvão, petróleo e gás natural é o motor da aceleração."
Antes da revolução industrial, no século 19, a média global de CO2 foi de cerca de 280 ppm. Durante os últimos 800 mil anos, o CO2 oscilou entre cerca de 180 ppm durante as eras glaciais e 280 ppm durante os períodos interglaciais quentes. A taxa de crescimento de hoje é mais de 100 vezes mais rápida do que o aumento que ocorreu quando a última era glacial terminou.
"Não há mais como impedir que o CO2 atinja 400 ppm", disse Ralph Keeling,  geoquímico do Instituto de Oceanografia Scripps, e filho de Charles David Keeling que iniciou as medições no Havaí. "Isso é agora passado. Mas o que acontece daqui em diante ainda importa para o clima, e ainda está sob nosso controle. E principalmente se resume a quanto continuamos a depender de combustíveis fósseis para a energia."
Cientistas da NOAA com a Divisão de Monitoramento Global têm feito medições em todo o mundo desde 1974. Ter dois programas para medir de forma independente o gás do efeito estufa proporciona maior confiança de que as medições estão corretas.
Além disso, aumentos similares de CO2 são vistos em todo o mundo por muitos cientistas internacionais. Uma rede de amostragem de ar global informou no ano passado que todos os locais do Ártico de sua rede chegaram a 400 ppm, pela primeira vez. Estes valores elevados eram um prelúdio para o que está sendo observado em Mauna Loa, um local em regiões subtropicais.
Os sinais serão vistos no hemisfério Sul durante os próximos anos. O aumento no hemisfério Norte é sempre um pouco à frente do hemisfério Sul, porque a maioria das emissões históricas são do Norte, com forte impacto dos EUA e também da Europa no passado.
Uma vez emitido, o CO2 fica na atmosfera e nos oceanos durante milhares de anos. Assim, as mudanças climáticas geradas por CO2 dependem principalmente emissões acumuladas, tornando-se progressivamente mais difíceis de evitar.

Análise

"Não há precedentes na História da Terra para uma elevação tão abrupta das concentrações de gases de efeito estufa", afirmou à AFP Mann, autor de dois livros sobre mudanças climáticas.
"Embora as coisas vivas possam se adaptar às lentas mudanças que ocorrem ao longo de dezenas de milhões de anos, não há razões para acreditar que elas - e nós - poderemos nos adaptar a mudanças que ocorrem um milhão de anos mais rápido do que as taxas naturais de mudanças", emendou.
Mann disse que os cientistas acreditam que o CO2 chegou aos níveis atuais pela última vez há mais de 10 milhões de anos, na metade do Período Mioceno.
Na época, as temperaturas globais eram mais elevadas, o gelo era esparso e o nível do mar era dezenas de metros mais alto do que hoje.
"A natureza levou centenas de milhões de anos para mudar as concentrações de CO2 através de processos naturais tais como o sepultamento natural de carbono ou as erupções vulcânicas", disse Mann.
"O que estamos fazendo é desenterrando isso. Mas não ao longo de 100 milhões de anos. Nós desenterramos e queimamos numa escala de tempo de cem anos, um milhão de vezes mais rápido", concluiu. 


NOTÍCIAS TERRA

atualizado às 11h26

No Brasil, opiniões são controversas sobre recorde de CO2 na atmosfera

Gráfico que mostra o índice de concentração de CO2 preocupou a Organização das nações Unidas (ONU) e levou Brasil a tomar medidas contra os excessos, mas órgãos apoiadores de um planeta mais limpo afirmam que o País ainda precisa fazer mudanças.

Dados mostram que os índices de concentração de dióxido de carbono na atmosfera bateram recordes e podem, em maio deste ano, ultrapassar a faixa limite de 400 partes por milhão (ppm) em boa parte do Hemisfério Norte. Isso significa que para cada milhão de moléculas de diferentes gases na atmosfera há 400 de CO2. Essa é a primeira vez em mais de três milhões de anos que o limite seria ultrapassado.

Christiana Figueres, secretária-executiva da ONU, fez um apelo para um senso de urgência contra a evolução dos índices, capazes de superar o limite simbólico de 400 ppm. "Estamos perto de exceder o limite", declarou Figueres às delegações de mais de 190 países participantes da conferência anual sobre a luta contra as mudanças climáticas, que desta vez será sediada no final do ano em Varsóvia, na Polônia.

Devido aos dados alarmantes, o Brasil também resolveu tentar reverter o quadro climático que tem repercutido em todo o planeta. Mas ainda existem opiniões controversas sobre as medidas que ainda não foram tomadas, mas que fariam grande diferença na briga contra o principal responsável pelo aquecimento global.

Já havia uma expectativa de que os índices pudessem ultrapassar o limite de 400 ppm, mas os pesquisadores não previam que isso aconteceria tão rápido, segundo Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura, da Unicamp. "Isso é uma confirmação de que o esforço feito pelos países de reduzir as emissões não está fazendo efeito", relatou.

"No início do século, os índices de concentração de CO2 eram de 370 ppm. Os 400 ppm são equivalentes a um aumento de cerca de 10% no conteúdo de carbono. Quanto mais carbono, mais calor na superfície terrestre. Pode ser que, em 30 anos, estes números cheguem a 500 ppm, fazendo com que plantas tenham dificuldade em se desenvolver. Caso alcancem os 700 ppm, as plantas não se desenvolverão mais".

Antes do uso de combustíveis fósseis, a concentração de CO2 chegava aos 280 ppm - dados do Scripps Institution of Oceanography, parceira do Observatório de Mauna Loa. Segundo o órgão, o nível de CO2 provavelmente era de 400 ppm durante o período geológico do Plioceno, entre 3,2 milhões e 5 milhões de anos atrás, quando a Terra marcava de 2 a 3 graus a mais.

Ação e contradição ainda andam juntas no Brasil
O pesquisador da Unicamp disse ainda que o Brasil já está tomando medidas para reverter esse caso. Tentar eliminar as queimadas na Amazônia, recuperação de pastagens e a criação de outros manejos agrícolas para evitar o efeito estufa são alguns deles. Carlos Rittl, coordenador de mudanças climáticas da WWF Brasil contesta a afirmação. Ele disse que o recorde deve servir de alerta para todos no Brasil e que mais de 90% da população brasileira tem um alto nível de compreensão da questão. Mas que o País tem passado por grandes problemas de política de clima.

"Apensar de haver iniciativas, isso não é disseminado de forma abrangente. O governo fica no discurso confortável de que termelétricas movidas a combustíveis fósseis são uma das matrizes mais limpas do mundo, mas o rumo da nossa matriz energética é se tornar cada vez mais suja", disse Rittl.

Ele enfatizou ainda que o desmatamento foi reduzido e que há investimentos no setor de agricultura, mas que, ao mesmo tempo, a maior parte dos recursos que vão para o Plano Safra não estão vinculados a critérios de desenvolvimento sustentável ou de baixas emissões de gases de efeito estufa. "Nós estamos falando de uma centena de bilhões de reais por ano, destinados ao setor que não tem nada a ver com a agricultura de baixo carbono."

Terceira opinião
Quando o assunto é salvar o planeta, as adversidades são ilimitadas. Quem apresentou uma terceira opinião sobre o caso foi o secretário nacional para a mudança do clima, do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Augusto Klink. Ele disse que a WWF está tendo uma visão equivocada sobre a posição do Brasil e as medidas que são tomadas para que as emissões de CO2 sejam reduzidas. "Nós temos de olhar de modo relativo. Não estamos escondendo que o uso de termelétricas está ativo, mas isso não quer dizer que as energias renováveis não estejam sendo utilizadas". Segundo ele, o trunfo principal do Brasil para reduzir o CO2 é controlar o desmatamento, e isso, o Brasil já faz.

Para o pesquisador da Unicamp, o mais importante nesta luta é a conscientização de todos os países, principalmente a dos maiores emissores de gases prejudiciais à natureza. "Nós devemos ter certo controle, porque este aumento é realmente perigoso. É importante que outros países estejam mobilizados a fazer o mesmo que o Brasil. Caso potências como China, Rússia e Estados Unidos – maiores poluidores do mundo – não ajam rapidamente, medidas drásticas precisarão ser tomadas", relata.

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